Dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) revelam que 19 milhões de brasileiros se encontram em situação de fome no País e mais da metade dos domicílios brasileiros (55,2% – 116,8 milhões de pessoas) enfrentam algum grau de insegurança alimentar, seja ela leve (preocupação com quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis), moderada (restrição quantitativa de alimento) ou grave (identificada como fome).
Neste contexto, a Campanha Natal Sem Fome 2021, realizada pela ONG Ação da Cidadania e que tem o Instituto Nordeste Cidadania – Inec como comitê, aconteceu de outubro a dezembro de 2021. A iniciativa buscou mobilizar a sociedade civil para que milhares de famílias tivessem o prato cheio. No total, a campanha arrecadou 384,8 toneladas de alimentos, que atendeu 122.709 pessoas e beneficiou 256 instituições.
No Nordeste e no norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, o Instituto Nordeste Cidadania (Inec) é responsável pela articulação da campanha e mobilizou sua rede de colaboradores e parceiros para a arrecadação de alimentos não-perecíveis.
A expectativa era que o Natal de 2021 fosse o maior Natal Sem Fome da história e o objetivo foi alcançado. Só no Ceará, a meta de arrecadação era de 73 toneladas de alimentos, mas o resultado foi de 66,4 toneladas arrecadadas, o que totalizou 6.685 cestas básicas.
Já em todo o território de atuação do Inec, a meta era arrecadar 240 toneladas e foram arrecadadas 384,8 toneladas de alimentos.
Para se ter uma ideia, em 2020, o Instituto arrecadou mais de 4,7 mil toneladas de alimentos. No Ceará, aproximadamente 28 mil famílias foram beneficiadas com mais de 106 toneladas de alimentos. Isso, também, graças ao esforço dos parceiros envolvidos: Ação da Cidadania, PSA Tech, Rede Agnus, Senai/Sesi, BNB Clube, Rede Ancar, Paróquia São Raimundo, Super Lagoa, Pão de Açúcar, Defesa Civil de Fortaleza, Interativa Serviços, Assaí Atacadista, Golden, Natal Shopping e dois doadores anônimos.
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Embora os efeitos econômicos da pandemia não possam ser ignorados diante do cenário da fome no País, a situação já vinha se agravando desde antes da crise da Covid-19. Em 2018, eram 10,3 milhões de brasileiros nessa condição. Nos últimos meses de 2020, já eram 9 milhões de pessoas a mais sofrendo com a mazela da fome. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nesse intervalo (2018-2020), 23,5% da população brasileira deixou de comer ou precisou reduzir a quantidade e a qualidade dos alimentos ingeridos por falta de dinheiro.
Isso demonstra como a fome também está relacionada a outras desigualdades no país, como o desemprego. No primeiro trimestre de 2021, o Brasil alcançou mais um recorde negativo e somou pelo menos 14,8 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Aliada a tudo isso, a alta dos preços dos alimentos também vem contribuindo para que as necessidades da população sejam cada vez mais básicas. Em um ano de pandemia, o preço dos alimentos já havia aumentado 15% no país, segundo o IBGE. A taxa é quase o triplo da inflação geral registrada no mesmo período, 5,2%.
No final de setembro, a OAB Nacional, a pedido da Ação da Cidadania, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) cobrando o governo federal a adotar uma série de medidas de combate à fome no país. Entre elas estão: a retomada do auxílio emergencial no valor de R$ 600 e as atividades do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
No Ceará, o último levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), que traz dados coletados em 2019, indica que 44,2% dos domicílios do estado passaram por situação de insegurança alimentar. Destes, 21,2% enfrentaram insegurança alimentar leve, enquanto 12,3% conviveram com insegurança alimentar moderada. Por fim, 10,6% sofreram com a insegurança alimentar grave.
O estudo do IPECE também demonstra que, na zona rural, o percentual de segurança alimentar é de 46,8%, abaixo do apresentado na zona urbana que é de 58,3%.
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O Natal Sem Fome já levou alimentos para mais de 20 milhões de pessoas por todo o Brasil desde seu lançamento em 1994, um ano após a fundação da Ação da Cidadania. Na época, a iniciativa de Betinho surgiu como um caminho para combater a fome e a desigualdade socioeconômica em nosso País, e ajudar os mais de 32 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Após dez anos sem ser realizada, a campanha voltou em 2017.
A Ação da Cidadania foi fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, conhecido como Betinho, com o intuito de combater a fome e a desigualdade socioeconômica em nosso país e ajudar os mais de 32 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Desde sua criação, a ONG deu início a uma série de iniciativas, sendo o Natal Sem Fome a mais célebre delas. Após dez anos sem ser realizada, a campanha voltou em 2017 e, em 2020, ganhou força total para ajudar os agora dezenas de milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Cadastro Único do Governo Federal.
Fundado em 1993, o Instituto Nordeste Cidadania (Inec) é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que tem como foco principal o desenvolvimento sustentável de comunidades na região Nordeste do Brasil. Atua por meio de programas socioambientais nas áreas cultural, de tecnologia e desenvolvimento comunitário, atendendo crianças, jovens e adultos. Saiba mais em www.inec.org.br.
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