A Medalha da Abolição, mais alta distinção do Ceará, foi entregue pelo Governo do Estado, na noite de 25 de março, a oito personalidades e a uma iniciativa cearense, em solenidade realizada no Palácio da Abolição, em Fortaleza. A entrega também marcou a retomada da cerimônia após dois anos de suspensão por conta da pandemia da covid-19.
Na oportunidade, o governador Camilo Santana falou sobre o simbolismo de entregar a comenda aos agraciados na Data Magna do Ceará, destacando o esforço e a união dos cearenses para vencer a covid-19.
“Uma palavra que bem resume nossos sinceros sentimentos aos agraciados nesta noite é gratidão; pela contribuição de cada um diretamente e através do exemplo pessoal para construção de um Ceará cada vez melhor para todos e todos; pela luta desenvolvida para se transformarem em referências em suas áreas e de dignificarem nosso Estado. Como cearenses temos a responsabilidade histórica que é bem representada pela trajetória dos nossos nove agraciados. Uma responsabilidade que passa por Chico da Matilde, nosso bravo Dragão do Mar, e tantos outros que contribuíram para a construção da nossa Data Magna. Graças ao eterno 25 de março de 1884, muitos estados podem até ser conhecidos como a Terra do Sol, mas apenas o nosso Ceará é a Terra da Luz”, concluiu Camilo Santana, em discurso emocionado.
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Em 25 de março de 1884, o Ceará foi a província brasileira a libertar a população negra escravizada. Uma ação pioneira, realizada quatro anos antes da Lei Áurea, que declarou a Abolição para todo o Brasil em 13 de maio de 1888. O que deu ao Ceará o título de Terra da Luz.
Assim, 25 de março é celebrado hoje como a Data Magna do Ceará, instituída como feriado estadual no dia 6 de dezembro de 2011. Um marco histórico que também rememora o protagonismo de mulheres e homens que lutaram pela liberdade e igualdade do seu povo.
Outro símbolo dessa conquista coletiva, a Medalha da Abolição, instituída em 1963, é concedida em reconhecimento ao trabalho relevante de cidadãos e cidadãs para o Ceará ou para o Brasil.
Desta vez, a Medalha da Abolição foi concedida em reconhecimento às trajetórias e contribuições de: Maria do Perpétuo Socorro França Pinto, ex-procuradora-geral de Justiça do Ceará e titular da Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos; Espedito Seleiro (Espedito Veloso de Carvalho), artesão e Mestre da Cultura do Ceará; Maria Nailde Pinheiro Nogueira, desembargadora e presidente do Tribunal de Justiça do Ceará; Tom Cavalcante (Antônio José Rodrigues Cavalcante), humorista, ator, apresentador, radialista e dublador; Capacete Elmo, inovação cearense utilizada no tratamento de pacientes com covid-19; Preto Zezé (Francisco José Pereira de Lima), presidente da Central Única das Favelas, empreendedor, produtor cultural e musical; Amandinha (Amanda Lyssa de Oliveira Crisóstomo), jogadora de futsal, tricampeã mundial com a Seleção Brasileira de Futebol e eleita oito vezes a melhor do mundo na modalidade; Cid Ferreira Gomes, senador da República, governador do Ceará por oito anos e ministro da Educação no governo Dilma Rousseff; José Ricardo Montenegro Cavalcante, industrial cearense há 34 anos e presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).
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Ao receber a Medalha, Socorro França destacou a importância deste momento. “Ninguém faz nada sozinho. Nós temos pontes. E a nossa primeira ponte foi de um homem do povo, um jangadeiro, que lá atrás se rebelou e disse que não ia mais transportar escravos no Ceará. Foi aí que tudo começou, o sentimento libertário que nós temos”, destacou a titular da SPS, compartilhando a medalha com todos os servidores públicos do Estado do Ceará.
O Mestre da Cultura do Ceará, Espedito Seleiro, agradeceu ter sido um dos agraciados. “Quero dizer muito obrigado ao povo que gosta muito do trabalho do Espedito Seleiro. É um prazer estar com vocês, apresentando nosso trabalho, e quero mandar um abraço para todos os mestres de Nova Olinda, de Fortaleza e do Brasil inteiro”, disse.
Representando os cientistas, profissionais de saúde e instituições públicas e privadas que contribuíram para o desenvolvimento do Elmo, Marcelo Alcantara Holanda, superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), falou sobre a importância do Elmo para os cearenses e para a Ciência.
“A matéria-prima do Elmo é a solidariedade. É um elemento terno, forte, profundo da condição humana, que surge nas horas mais escuras e vira luz. Em honra aos mortos pela covid havemos de lutar, manter a esperança e buscar a felicidade”, pontuou Marcelo, afirmando que o Elmo traz um novo modelo de inovação.
Tom Cavalcante, que está em viagem internacional, foi representado pela sobrinha Mariana Albuquerque Cavalcante. De forma virtual, o humorista cearense enviou uma mensagem aos cearenses. “Eu amo este povo e este povo me ama. Na terra do humor, a gente segue em frente”, comemorou.
Para a presidente do TJCE, celebrar a Medalha é uma vitória de toda a sociedade após os desafios da pandemia. “Nesta noite, ser reconhecida pelo meu trabalho e pelas minhas ações é um momento de muita emoção. Um momento em que meu coração pulsa mais forte”, expressou Maria Nailde Pinheiro Nogueira, dedicando a honraria à família do Judiciário Cearense.
Preto Zezé enfatizou a importância de ocupar um lugar que evidencia sua história e a coletividade que o acompanha. “O Brasil tem 521 anos e 388 de escravidão. Então, nós vivemos sequelas até hoje. Estar no Palácio da Abolição no dia 25 de março, que é o dia da antecipação dessa Abolição no Ceará, é um ritual para quem vem de onde eu vim. A geração democrata, progressista e comprometida com outro País está fazendo história agora”, enfatizou o presidente da Cufa.
Amandinha, a mais jovem cearense a receber a comenda, foi representada pela avó, Eliane Maria Viana Crisóstomo. “Estou muito feliz de poder receber essa Medalha que é tão importante para o nosso Estado. Eu sempre tenho muita felicidade em dizer que eu sou cearense e representar esse Estado maravilhoso”, disse a atleta, em vídeo.
O senador Cid Gomes recebeu a Medalha destacando que no Ceará a política é um espaço de servir ao povo cearense. “Eu não me julgo merecedor de homenagens, ao contrário. Sou devedor de homenagens ao povo cearense que me deu muito mais oportunidades do que sinceramente eu sonhei na minha vida. Meu sonho era ser prefeito de Sobral, mas consegui, com a generosidade do povo cearense, ser muito mais do que isso”, afirmou.
Ricardo Cavalcante refletiu sobre a trajetória que o levou a receber a honraria, com destaque para o período da pandemia. “Em 2020 veio a pandemia e a gente teve que fazer escolhas. [Na pandemia] A indústria se fez presente de uma forma correta. O industrial cearense se preocupou com a saúde do seu colaborador, da sua família, mas, principalmente, da sociedade cearense”, disse o presidente da Fiec.
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