Dance no seu tempo. Com essa proposta, a Bienal Internacional de Dança do Ceará chega à 14ª edição, de 28 de março a 7 de abril de 2024, chamando a atenção para a questão do envelhecer na dança. O que perdura nos corpos? Este, inclusive, é o tema central do seminário, cuja abertura, no dia 28, às 10h, no Auditório da ADUFC, em Fortaleza, será a primeira atividade desta edição. Alguns dos bailarinos e coreógrafos que estarão nos palcos da Bienal, além de gestores públicos, vão discutir questões como: “O que o envelhecimento aporta à dança?” e “Quais as ações das políticas públicas para combater o etarismo nas artes?”. O seminário seguirá de 2 a 5 de abril. Apresentada pelo Ministério da Cultura, Governo do Estado do Ceará, Enel Distribuição Ceará e Petrobras, por meio do programa Petrobras Cultural, a XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará terá programação em Fortaleza, Paracuru, Pacatuba, Itapipoca e Trairi, com acesso gratuito.
Companhias e artistas da dança que cruzam décadas produzindo, dançando e instigando público e crítica a cada nova criação, contemplam boa parte da programação, que foi construída em torno da plataforma Corpos Longevos, buscando desmistificar limites etários tantas vezes impostos aos profissionais das mais diversas áreas, em especial, as artes cênicas.
Não por acaso, “Corpos Velhos – pra que servem?” é o espetáculo que será apresentado na primeira noite da Bienal, logo após a cerimônia que dará início, oficialmente, a esta edição. A abertura será no dia 28, a partir das 18h, no Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult CE), gerido pelo Instituto Dragão do Mar. Em cena, alguns do pilares da dança contemporânea no Brasil, nesta obra que quebra paradigmas sobre a longevidade do bailarino: Marika Gidali (86 anos) e Décio Otero (91), ambos fundadores do Ballet Stagium; Iracity Cardoso (78), que foi diretora do Ballet du Grand Théâtre de Genève, na Suíça, do Ballet Gulbenkian, em Portugal; Célia Gouvêa (74), formada pelo MUDRA de Maurice Béjart; Lumena Macedo (62), que integrou a Cia. Cisne Negro e o Balé da Cidade de São Paulo; Neyde Rossi (85), que integrou grupos como o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio; Mônica Mion (69), que teve atuação no Ballet Stagium e no Balé da Cidade de São Paulo; Yoko Okada (88), que foi solista e assistente do Ballet Lennie Dale; e o idealizador e diretor deste trabalho, Luis Arrieta (72), bailarino e coreógrafo argentino, com uma das mais destacadas carreiras da dança produzida no Brasil. Depois de Fortaleza, o espetáculo será apresentado em Paracuru, no dia 29, às 19h, no Teatro David Linhares, no Centro Cultural Companhia de Dança.
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Além de “Corpos Velhos – pra que servem?”, na abertura oficial em Fortaleza será apresentada “Canto do povo de um lugar”, obra que é fruto da Residência Artística conduzida este ano pelo coreógrafo pernambucano Jorge Garcia com a Escola de Dança de Paracuru. Este trabalho teve primeira versão apresentada na 2ª Bienal Criança, entre março e abril de 2023, como resultado do Percurso de Criação, ação formativa realizada por Jorge Garcia com crianças e adolescentes da Escola de Dança. Após a programação inicial no Cineteatro São Luiz, a festa de abertura da Bienal de Dança vai abrir as comemorações de dois anos do Complexo Cultural Estação das Artes, equipamento da Secult CE, gerido pelo Instituto Mirante.
Em Fortaleza, a Bienal de Dança acontecerá de 28 de março a 7 de abril, com espetáculos no Cineteatro São Luiz, Theatro José de Alencar, Teatro Dragão do Mar (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura) e Teatro B. de Paiva (Hub Cultural Porto Dragão), além dos shows de abertura na Estação das Artes, de masterclasses na Sala de Dança Flávio Sampaio (Hub Cultural Porto Dragão) e no Instituto de Cultura e Arte (ICA) da UFC, e do Seminário “Envelhecer na Dança – o que perdura nos corpos?”, no Auditório da ADUFC (Sindicato dos Docentes das Universidade Federais do Estado do Ceará).
Em Paracuru, será de 28 a 30 de março, com programação no Centro Cultural Companhia de Dança. Nesta cidade terá início a série de atividades que a bailarina, professora e pesquisadora Rosa Primo realizará durante a Bienal: a palestra “Dança e autismos”, que seguirá para Pacatuba, Trairi e Itapipoca, e, com Jônatas Joca, a Residência Artística “Dança e autismos”, a acontecer nesses três últimos municípios.
Pacatuba receberá a Bienal nos dias 1 e 3 de abril, no Sobrado da Abolição/Centro Cultural Eduardo Campos. Em Itapipoca, será nos dias 4, 5 e 6 de abril, no Círculo Operário. E em Trairi, a Comunidade Educacional Padre Anchieta (CEPAN Ceará) receberá as atividades nos dias 5 e 6 de abril.
A programação detalhada da Bienal de Dança nas cinco cidades poderá ser conferida no site da Bienal: bienaldecanca.com. Somente a festa de abertura em Fortaleza será para convidados. O acesso à abertura no Cineteatro São Luiz e toda a programação de espetáculos em Fortaleza será mediante a apresentação de tíquetes gratuitos que serão disponibilizados no site Sympla. As datas de retiradas dos ingressos também serão anunciadas no site neste domingo. Nas demais cidades, será por ordem de chegada, sempre respeitando a capacidade de público de cada espaço.
Artistas e companhias do Ceará, dos estados da Bahia, de Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, e vindos de mais seis países – Argentina, Portugal, França, Itália, Cabo Verde e Bélgica – participam desta edição nos palcos e/ou em ações de formação e intercâmbio com estudantes e profissionais da dança no Ceará.
Do Brasil, a Bienal recebe nomes como Lia Rodrigues Companhia de Danças, referência nacional de resistência e longevidade na dança, para apresentar o espetáculo “Encantado”, que estreou no Festival d’Automne de Paris em 2021; Antonio Nóbrega, multiartista pernambucano com 51 de seus 71 anos de vida dedicados às artes, em especial à cultura popular, vem com Rosane Almeida para juntos apresentarem “Mestiço Florilégio”, espetáculo que teve estreia em 2022 em Coimbra, Portugal, celebrando 50 anos de carreira de Nóbrega e 40 de história artística juntos; Laura Samy e Alice Poppe, do RJ, artistas com trajetória de três décadas de atuação como intérpretes, criadoras e educadoras, que iniciaram uma parceria em 2020, trazem para a Bienal o espetáculo “Cravo”, que teve estreia em 2021.
Esther Weitzman, do RJ, traz “BREVE”, espetáculo que acontece no enlace de afetos promovido pelo encontro entre quatro artistas-bailarinos, Esther Weitzman, Frederico Paredes, com quem divide a direção, e Paulo Marques e Toni Rodrigues, bailarinos criadores com quem divide a cena. Juntos, revelam a potência e a sensibilidade de suas experiências na dança; o baiano Brunno de Jesus, bailarino, coreógrafo, cantor e compositor, pesquisador das culturas negras e periféricas, vem para apresentar “SAMPLE: é que nem cortar quiabo”, conduzir uma masterclass e realizar um Percurso de Criação com o Balé Baião Cia de Dança; Edvan Monteiro, artista multilinguagem cearense, descendente do povo Potiguara, residente há 15 anos em São Paulo, apresentará para o público da Bienal “O Chamado da Jandaia” e ministrará uma oficina.
Beatriz Sano e Eduardo Fukushima, ambos de São Paulo, trazem “O Que Mancha”, primeiro trabalho em que realizam juntos os papéis de coreógrafos, diretores e dançarinos, apesar de colaborarem há 10 anos em trabalhos artísticos um do outro; o pernambucano Jorge Garcia, um dos mais conceituados e requisitados coreógrafos brasileiros da atualidade, residente há quase 30 anos em São Paulo, e a argentina Irupé Sarmiento, dois intérpretes de reconhecidas carreiras profissionais nacionais e internacionais, apresentam na Bienal “Estudos Para Quimera”, num diálogo paradoxal entre dois universos completamente diferentes numa conexão e sintonia fina que leva os corpos aos seus limites, mostrando assim suas vastas experiências artísticas, corporais, técnicas e criativas.
Com Renato Cruz em cena e Paulo Caldas na tela, a Bienal recebe “Pulso”, sexto espetáculo da Cie. Gelmini e terceira parceria com a Cia. Híbrida, ambas do Rio de Janeiro. Com direção de Gustavo Gelmini, este trabalho foi realizado em residência artística entre França e Brasil, tendo estreado em 2023 no Teatro do Oprimido de Paris e no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro pelo Dança em Foco. Na Bienal, Gustavo Gelmini conduzirá uma oficina no ICA.
Marcelo Evelin, bailarino, coreógrafo e pesquisador piauiense que se divide entre Teresina e Amsterdã, na Holanda, traz “Uirapuru”, criação de sua plataforma Demolition Incorporada, que estreou em Teresina em maio de 2023, seguiu em turnê com apresentações em Porto (Portugal) e no Festival Montpellier Danse (França). Marcelo vem também para conduzir um Percurso de Criação com cinco cearenses, profissionais com uma extensa carreira nas artes, dentro e fora dos palcos, Bilica Léo, Claudia Pires, Graça Martins, Silvia Moura, além de Cláudio Bernardo, bailarino e coreógrafo cearense residente na Bélgica, marcando um encontro inédito dos cinco em cena. Cláudio Bernardo fará também uma oficina no ICA.
A bailarina Wilemara Barros, com 59 anos de vida completados em abril de 2023, apresenta o solo autobiográfico “Preta Rainha”, espetáculo realizado pela Cia. Dita, com direção de Fauller, que estreou em abril de 2023 marcando a trajetória de 50 anos da artista na dança; a bailarina, coreógrafa e performer cearense Silvia Moura, com mais de 40 anos de dança e uma extensa carreira com trabalhos nas artes cênicas, volta à Bienal com um novo trabalho, “Escutas do tempo”.
Gerson Moreno, artivista comunitário, dançarino-criador, escritor, educador e pesquisador em danças negras/ameríndias/periféricas contemporâneas, comemora 50 anos de idade com o solo “Sobre aquilo que permanece”, onde se propõe dançar e des-dançar suas causas e teimosias de ontem e hoje, incorporando lugares, pessoas, afetos e entidades sagradas que ao longo de sua história compõem seus repertórios de criação cênica e militância comunitária.
Wellington Gadelha, artista multidisciplinar, e Edvaldo Batista, ator, diretor e contador de histórias, são os criadores e intérpretes de “Reza Caseira”, obra que mergulha no universo da reza como ativador cênico tecnoancestral. O trabalho é uma interseção entre o tradicional e o contemporâneo – uma reza dançada que integra cenários, trajetórias, elementos e narrativas na construção de uma cena sensorial e imersiva à fruição também rezadeira da pessoa espectadora.
A Paracuru Cia de Dança entra em cena com duas peças do repertório: “Temporal”, criação de Josias Galindo, de 2023, e “Inventário de Belezas”, obra com direção de Flávio Sampaio, resultado do Percurso de Criação realizado na 7ª Bienal De Par Em Par, em 2021, com o coreógrafo convidado Luiz Fernando Bongiovanni e a Paracuru Cia. de Dança. É um espetáculo que usa da acessibilidade como elemento de criação.
A Arreios Cia de Dança apresenta “CORPOMAR”, uma obra artística de 2021, que é criação coletiva da companhia, que tem uma história de 25 anos de pesquisa e criação em dança contemporânea na cidade de Trairi, no Litoral Oeste cearense. Também de Trairi, o multiartista Thiago Patrício apresenta “Corpo Sabedor”, um espetáculo que busca tecer poéticas entre reisados, cocos, narrativas míticas e o trabalho do artista no semeio do corpo como um mestre sabedor que faz de si território de diálogos e encantarias cênicas.
“After Slows” é o novo espetáculo da francesa Cie. Aurelia, que tem à frente a italiana Rita Cioffi, do Centro Coreográfico Nacional de Roubaix (Ballet du Nord), na França. Em cena, dois corpos que já vivenciaram todas as danças há muito tempo. São como arquivos corporais, repositórios de um pedaço de história dançada que por eles passou, questionando o desejo, a memória e o tempo. Rita Cioffi apresenta este duo com o francês Sylvain Prunenec, bailarino há mais de 30 anos que, nos últimos 20 anos, tem combinado a sua própria investigação e trabalho criativo com o trabalho como intérprete com outros coreógrafos. Além do duo com Rita Cioffi, Sylvain Prunenec apresenta o solo “Le Fil”. Ambos também vão conduzir masterclasses na Bienal. Rita Cioffi e Sylvain Prunenec vêm à Bienal de Dança com apoio do Consulado Geral da França em Recife.
Djam Neguin, considerado uma das mais destacadas figuras da cena artística-cultural cabo-verdiana da atualidade, traz à Bienal de Dança “<Tx[@]be/t_a | |=* (Txabeta)”, uma performance multidisciplinar imersiva, interativa e futurística. Este é o terceiro capítulo de uma série de solos do artista, iniciada em 2020, que tem por base de inspiração os ritmos e as danças tradicionais/folclóricas de Cabo Verde.
De Portugal, a Bienal de Dança recebe a Cia. Circolando, de André Braga e Cláudia Figueiredo, que desenvolvem trabalhos juntos desde 1999. Eles apresentam “Feedback”, espetáculo criado em 2022, e conduzem uma masterclass.
A Bienal Internacional de Dança do Ceará foi criada em 1997. Como um desdobramento da tradicional edição dos anos ímpares, a indústria da Dança lançou em 2008 uma versão diferenciada nos anos pares, denominada Bienal Internacional de Dança do Ceará – De Par Em Par. Em 2020, contudo, como consequência do início da pandemia de covid-19, houve a necessidade de adequação nas datas dos dois projetos. A 7ª Bienal De Par Em Par foi adiada de 2020 para dois momentos em 2021: o mês de março, de forma online, com seminário e programação de videodança, e em agosto, com espetáculos em realidade virtual realizados no Theatro José de Alencar e exibidos no canal do projeto no YouTube. Em dezembro do mesmo ano aconteceu a 13ª edição do evento tradicional dos anos ímpares.
Também no contexto da pandemia, foi lançado em 2021 o Dança Ceará Criança, projeto de formação, criação, difusão e acessibilidade, com atividades formativas online em março e exibições no YouTube em abril. Em sua segunda edição, realizada entre abril e maio de 2023, este projeto passou a chamar-se Bienal Criança e integrou-se à Bienal De Par Em Par. A 14ª Bienal Internacional de Dança do Ceará, que aconteceria em outubro de 2023, será realizada agora, de 28 de março a 7 de abril de 2024.
Apresentada pelo Ministério da Cultura, Governo do Estado do Ceará, Enel Distribuição Ceará e Petrobras, por meio do programa Petrobras Cultural, a 14ª Bienal Internacional de Dança do Ceará é uma realização da Indústria da Dança, tendo como patrocinadores Cagece, Banco do Nordeste (BNB) e Petrobras, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio Institucional: Cineteatro São Luiz, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Hub Cultural Porto Dragão, Escola Porto Iracema das Artes, Theatro José de Alencar, Mercado AlimentaCE, Estação das Artes e Secretaria da Cultura do Ceará por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Mecenato). Apoio Cultural: Enel Distribuição Ceará. Este projeto conta ainda com a parceria do Centro Cultural Companhia de Dança de Paracuru, do Sobrado da Abolição /Centro Cultural Eduardo Campos – Pacatuba, da Prefeitura de Itapipoca, da Prefeitura de Trairi e da Prefeitura de Paracuru, sendo realizado por meio do Edital de Apoio a Festivais Culturais do Ceará da Secretaria da Cultura do Ceará, via Lei Paulo Gustavo.
XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará – De 28 de março a 7 de abril de 2024 com programação em Fortaleza, Paracuru, Pacatuba, Itapipoca e Trairi. Solenidade e espetáculos de abertura em Fortaleza: Dia 28 a partir das 18h, no Cineteatro São Luiz (R. Major Facundo, 500 – Centro). A programação completa poderá ser consultada em breve no site bienaldedanca.com e no Instagram @bienaldedanca. Informações: bienaldedancace@gmail.com. Toda a programação tem acesso gratuito, respeitando a classificação indicativa dos espetáculos e a capacidade de público dos equipamentos.
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