

Lula defende multilateralismo e fortalecimento da OMC após acordo entre China e EUA | Foto: Ricardo Stuckert/PR
14 de maio de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta terça-feira (13) o acordo anunciado entre China e Estados Unidos para redução de tarifas comerciais, após rodada de negociação realizada em Genebra, na Suíça. O presidente destacou que a medida representa o retorno da diplomacia e da negociação multilateral, em contraponto a decisões unilaterais que, segundo ele, “penalizam o mundo inteiro”.
“O acordo entre EUA e China, em Genebra, é uma demonstração de que tudo seria mais fácil se antes de anunciar unilateralmente as taxações, os EUA tivessem conversado com a China. A sabedoria sempre leva à mesa de negociação”, declarou Lula em entrevista à imprensa em Pequim, capital chinesa, onde cumpriu visita oficial.
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O novo entendimento entre as duas maiores potências econômicas do planeta prevê a redução de tarifas extras impostas no mês anterior. Os Estados Unidos reduzirão de 145% para 30% os encargos sobre produtos chineses, enquanto a China diminuirá de 125% para 10% as tarifas sobre produtos norte-americanos. Segundo analistas, o acordo representa um alívio imediato para o comércio internacional e pode sinalizar uma retomada do diálogo em outras áreas.
Lula também defendeu que a Organização Mundial do Comércio (OMC) volte a ser o principal fórum para debates sobre tarifas e disputas comerciais, destacando que a ausência de uma instância com autoridade global enfraquece a cooperação entre países.
O presidente voltou a defender a reformulação da governança internacional. Para ele, é essencial que a Organização das Nações Unidas (ONU) assuma protagonismo real em temas como o aquecimento global. “Se a ONU não tiver força, a questão climática será sempre tratada como secundária. Isso cansa, porque se toma decisões e nada acontece”, criticou.
Lula reforçou o papel dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na redefinição da ordem geopolítica e anunciou que pretende tomar decisões importantes na Cúpula dos Brics, que será sediada pelo Brasil em julho, no Rio de Janeiro. “A China merece ser vista com menos preconceito. Ela é a novidade econômica e tecnológica do século XXI”, afirmou.
Questionado sobre as redes sociais, especialmente o TikTok, plataforma chinesa, Lula relatou que discutiu o tema com o presidente Xi Jinping durante um jantar oficial. Segundo ele, foi solicitada a vinda de um representante da China ao Brasil para debater os efeitos da tecnologia digital na propagação da violência política.
A primeira-dama Janja da Silva, também presente, pediu a palavra para comentar o impacto das redes na violência contra mulheres e crianças. Lula criticou o vazamento da conversa: “É estranho como isso chegou à imprensa. Era uma reunião confidencial.”
Ao comentar a resposta do líder chinês, Lula revelou: “Xi Jinping disse que o Brasil tem o direito de regulamentar. E é isso que precisamos. Não podemos permitir que as redes digitais cometam absurdos sem regulamentação.”
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