

Lula afirmou que a transição energética representa uma oportunidade para ampliar fronteiras tecnológicas e reposicionar países ricos em recursos minerais na cadeia global de valor | Foto: Ricardo Stuckert/PR
23 de novembro de 2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, neste domingo (23), a importância da soberania dos países detentores de minerais críticos e defendeu uma governança global da inteligência artificial (IA). O discurso ocorreu na última sessão temática da Cúpula de Líderes do G20, realizada em Joanesburgo, na África do Sul, e teve como foco minerais críticos, IA e trabalho decente.
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Lula afirmou que a transição energética representa uma oportunidade para ampliar fronteiras tecnológicas e reposicionar países ricos em recursos minerais na cadeia global de valor. Segundo ele, não é suficiente possuir grandes reservas: “O que está em jogo não é apenas quem detém esses recursos, mas quem controla o conhecimento e o valor agregado que deles derivam”.
Os minerais críticos — entre eles lítio, cobalto, níquel e terras raras — são essenciais para tecnologias como baterias, turbinas eólicas, semicondutores e painéis solares. A cúpula publicará um documento reforçando a necessidade de beneficiar esses materiais nos próprios países produtores, com extração e processamento responsáveis.
O Brasil detém cerca de 10% das reservas mundiais desses elementos, segundo o Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram). Lula destacou a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos para definir políticas de exploração que fortaleçam a indústria nacional e afastem o país da posição de mero exportador.
Em seu discurso, Lula afirmou que a inteligência artificial deve ser tratada como um instrumento para o desenvolvimento equitativo, defendendo que somente uma governança internacional, liderada pela ONU, pode garantir o uso seguro e inclusivo da tecnologia.
“O grande desafio não é apenas dominar a ferramenta, mas trabalhar para que todos possam utilizá-la de forma segura, protegida e confiável”, disse. Ele alertou para o risco de concentração de poder tecnológico nas mãos de poucos países e grandes plataformas, o que poderia gerar exclusão e um “novo colonialismo digital”.
Atualmente, segundo o presidente, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso ao mundo digital. Em países de alta renda, 93% da população está conectada; em nações de baixa renda, apenas 27%.
Lula defendeu ainda que a evolução tecnológica precisa estar acompanhada de políticas de proteção ao trabalhador, já que cerca de 40% da força de trabalho global está em funções altamente expostas à automação. “Cada linha de código deve carregar consigo a marca da inclusão social”, afirmou.
Ele reforçou que setores emergentes não podem fragilizar direitos humanos e trabalhistas, mas sim fortalecer novas oportunidades de emprego.
A presidência do G20 em 2025 está sob comando da África do Sul, que conduz a cúpula com o lema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”. O país estabeleceu quatro prioridades:
fortalecimento da resiliência a desastres, sustentabilidade da dívida de países pobres, financiamento da transição energética e valorização de minerais críticos como motores de crescimento.
À margem da cúpula, Lula reuniu-se com líderes do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), além de encontros bilaterais com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa e o primeiro-ministro alemão Friedrich Merz.
O presidente segue ainda hoje para Maputo, em Moçambique, onde cumpre agenda oficial nesta segunda-feira (24), em meio às comemorações dos 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países.
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Tags: G20, Lula, minerais críticos, inteligência artificial, IA, trabalho decente, transição energética, soberania mineral, economia global, governança internacional, recursos naturais, lítio, cobalto, terras raras, semicondutores, COP30, política externa brasileira, África do Sul, Joanesburgo, Ibram, Conselho Nacional de Minerais Críticos, ONU, tecnologia, mercado de trabalho, inclusão digital, direitos trabalhistas, Ibas, relações internacionais, diplomacia, geopolítica, economia sustentável, Brasil no G20