

Conclusão vem apesar do acúmulo de sinais de perda de dinamismo do mercado de trabalho e da desaceleração da atividade como um todo | Foto: reprodução
07 de dezembro de 2025 – Mesmo diante de sinais de desaceleração da economia e de perda de dinamismo do mercado de trabalho, os rendimentos dos trabalhadores continuam registrando avanço relevante nas últimas leituras da Pnad Contínua. Especialistas ouvidos pelo Broadcast avaliam que a renda real deve continuar em alta nos próximos meses, mas sem criar pressões adicionais que possam alterar a condução da política monetária pelo Banco Central (BC).
Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, afirma que o mercado de trabalho segue em um cenário de estabilização do emprego e crescimento da renda real no curto prazo. Ele explica que a taxa de desemprego neutra (Nairu) ainda opera abaixo do nível de equilíbrio, estimado entre 5,5% e 6%, o que indica um mercado aquecido. “Ainda se nota um mercado de trabalho apertado, com muitas evidências qualitativas disso”, destaca.
Margato acrescenta que o Produto Interno Bruto (PIB) projetado pela XP para 2026, de 1,7% com viés de alta, deve ficar próximo ao potencial da economia, sustentado sobretudo pelo avanço da renda real. “Esperamos certa moderação no ano que vem, mas ainda com variação positiva”, afirma.
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A XP projeta crescimento real de 3,2% para o rendimento médio em 2025 e de 2,3% em 2026. A massa de renda real deve avançar 5% neste ano e 3,5% no próximo, segundo as estimativas da corretora.
Para o economista Antonio Ricciardi, do Banco Daycoval, os rendimentos seguem “muito pressionados”, com crescimento real próximo de 3,8% na comparação anual — acima do ritmo de expansão da produtividade. Ele alerta para o risco inflacionário dessa combinação, especialmente nos serviços. O banco projeta aumento de 5,8% na inflação de serviços em 2025, acima do teto da meta (4,5%). Para 2026, a expectativa é de desaceleração para 4,3%.
O economista sênior do Inter, André Valério, avalia que o mercado de trabalho segue resiliente, mas aponta perda de força recente nos rendimentos reais, que já cresceram perto de 6% e agora estão próximos de 3,2%. Ele observa ainda que os salários de admissão têm recuado conforme dados do Caged.
Valério explica que parte do ganho real recente reflete a recomposição pós-pandemia, quando a inflação corroeu a renda. Por isso, o avanço da renda não deve significar pressão suficiente para impedir o início do corte de juros. O Inter projeta afrouxamento monetário já em janeiro, com redução de 0,25 ponto na Selic — dos atuais 15% para 14,75%.
O banco prevê ainda desemprego em 5,5% no fim de 2025 e 6,5% em 2026.
Margato, da XP, avalia que a melhora recente do IPCA — beneficiado pela queda nos preços de alimentos e bens industriais — reduz preocupações do BC para iniciar o ciclo de flexibilização no começo de 2026. A inflação de serviços, influenciada pelo mercado de trabalho, segue como risco relevante.
A XP projeta início do afrouxamento monetário em março de 2026, com corte de 0,50 ponto percentual, seguido de cinco reduções na mesma magnitude, encerrando o ano com a Selic em 12%.
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