

Lula leva defesa do Brasil a Trump em reunião na Malásia | Foto: Ricardo Stuckert/PR
28 de outubro de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou neste domingo (26), em Kuala Lumpur, capital da Malásia, uma pasta vermelha ao presidente americano Donald Trump, contendo dados e argumentos técnicos para tentar reverter o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras.
Segundo fontes do governo, o documento foi elaborado para rebater as alegações de Washington sobre um suposto superávit comercial brasileiro e as chamadas “práticas desleais” no comércio internacional. A sobretaxa americana atualmente chega a 50% sobre produtos brasileiros, afetando principalmente o setor industrial.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
O material entregue por Lula detalha as posições do Brasil nas negociações bilaterais, com foco na suspensão das tarifas e na revisão de sanções que atingem cidadãos brasileiros — incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Durante a conversa, Lula também afirmou a Trump que o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado, não é um perseguido político, e que o processo ocorreu dentro da legalidade.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o Brasil registrou déficit de US$ 5,1 bilhões com os EUA entre janeiro e setembro deste ano. Ao considerar bens e serviços, o saldo negativo ultrapassa US$ 28 bilhões.
Entre os temas mais delicados do diálogo está a investigação americana baseada na Seção 301, que questiona supostas práticas desleais do Brasil. O Pix é um dos alvos da investigação, sob alegação de que o sistema favorece bancos locais. O governo brasileiro rebate, afirmando que o Pix é público, aberto e promove inclusão financeira.
Outros temas sensíveis são as tarifas sobre etanol e carne suína, com os EUA pressionando por maior acesso ao mercado brasileiro enquanto mantêm subsídios internos. O Brasil cobra reciprocidade comercial e a abertura do mercado americano ao açúcar brasileiro.
A tensão também se estende ao comércio de bens industrializados e produtos importados, com os EUA mencionando a região da 25 de Março, em São Paulo, em acusações de pirataria e contrabando. O governo brasileiro reagiu, apresentando dados sobre fiscalização, apreensões e acordos internacionais já em andamento.
O documento entregue por Lula também aborda a crise na Venezuela, classificada como questão de segurança regional. O governo brasileiro defende uma solução diplomática, e não militar, e expressa preocupação com as ações americanas no Caribe, justificadas como combate ao narcotráfico.
O encontro na Malásia representou uma tentativa de retomar o diálogo bilateral entre Brasil e Estados Unidos. Nos próximos dias, uma missão de alto nível seguirá para Washington, podendo incluir o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o chanceler Mauro Vieira.
Leia também | STF vai julgar recurso de Bolsonaro em plenário virtual entre 7 e 14 de novembro
Tags: Lula, Donald Trump, tarifaço, comércio exterior, Estados Unidos, Brasil, Itamaraty, Ministério da Fazenda, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad, Mauro Vieira, Pix, etanol, carne suína, exportações brasileiras, importações americanas, déficit comercial, OMC, política internacional, diplomacia, Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro, STF, Washington, Kuala Lumpur, Malásia, economia mundial, relações bilaterais, Casa Branca, política externa brasileira