O estudo foi elaborado por uma equipe multidisciplinar, formada por cientistas dos departamentos de Química Orgânica e Inorgânica e de Farmácia da UFC. À esquerda, professora Elenir Ribeiro, que assina como inventora principal | Foto: Guilherme Silva / UFC Informa
Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram uma emulsão promissora e de baixo custo para o tratamento da doença de Chagas, a partir de dois elementos nativos da biodiversidade brasileira: o cogumelo do sol (Agaricus blazei Murill), da Mata Atlântica, e o mofumbo (Cobretum leprosum), árvore característica da Caatinga.
A inovação pode representar um avanço no tratamento da fase crônica da doença de Chagas, ao apresentar maior eficácia e menor toxicidade, além de utilizar matéria-prima nacional, o que contribui para a redução de custos. A pesquisa resultou na concessão de carta-patente à UFC, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
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O projeto teve início com o objetivo de criar um curativo cicatrizante, utilizando o triterpeno – composto com propriedades antimicrobianas, extraído do mofumbo. No entanto, ao longo das análises laboratoriais, os pesquisadores identificaram o potencial antichagásico da substância e redirecionaram o foco do estudo.
A maior dificuldade encontrada foi a baixa solubilidade do triterpeno, o que dificultava seu uso em medicamentos. A solução veio dos polissacarídeos do cogumelo do sol, que permitiram a encapsulação do triterpeno, resultando em uma emulsão líquida estável, com menor toxicidade celular.
“A encapsulação reduziu o potencial citotóxico da substância contra células hospedeiras. Esperamos que a principal vantagem seja a maior segurança clínica, algo que só poderá ser comprovado após os testes in vivo e **ensaios clínicos”, explica a professora Elenir Ribeiro, principal inventora da patente.
Além do avanço farmacêutico, a pesquisa representa um marco na valorização da biodiversidade brasileira. Os componentes principais do novo medicamento são nacionais, o que reduz a dependência de importações e barateia o custo de produção.
“Ainda exploramos pouco nossa riqueza natural para o desenvolvimento de medicamentos. Este é um exemplo do potencial da flora brasileira para gerar soluções inovadoras, com alto valor agregado e voltadas para a saúde pública”, afirma a pesquisadora.
O novo tratamento reforça a importância da ciência nacional e da pesquisa universitária no enfrentamento de doenças negligenciadas como a doença de Chagas, que afeta milhares de brasileiros, especialmente nas regiões mais vulneráveis do país.
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