

Sarkozy é o primeiro ex-chefe de Estado da França a ser preso desde a Segunda Guerra Mundial | Foto: Sarah Meyssonnier/Reuters
21 de outubro de 2025 — O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy chegou na manhã desta terça-feira (21) à prisão de La Santé, em Paris, para começar a cumprir pena de cinco anos de prisão por conspiração em um esquema de arrecadação ilegal de fundos da Líbia para sua campanha presidencial de 2007.
Por volta das 4h15 (horário de Brasília) — 9h15 no horário local — Sarkozy deixou sua residência em direção à penitenciária, onde ficará em regime de isolamento, segundo confirmou Sébastien Cauwel, chefe do sistema prisional francês. O advogado de Sarkozy informou que já foi apresentado um pedido de liberdade enquanto o recurso tramita na Justiça.
“Não tenho medo da prisão. Manterei minha cabeça erguida, inclusive nos portões da prisão”, afirmou o ex-presidente ao jornal La Tribune Dimanche antes de se entregar. Em publicação na rede social X (antigo Twitter), Sarkozy voltou a declarar-se inocente, dizendo que é “um inocente, e não um ex-presidente, quem está sendo preso”.
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A decisão judicial põe fim a uma longa batalha legal sobre as acusações de que a campanha presidencial de Sarkozy, em 2007, recebeu milhões de euros do então líder líbio Muammar Gaddafi, morto durante a Primavera Árabe.
Embora o ex-presidente tenha sido considerado culpado de conspirar com assessores para viabilizar o financiamento ilegal, foi absolvido da acusação de ter recebido ou utilizado pessoalmente os recursos. Sarkozy sempre negou envolvimento e classificou o processo como uma tentativa de humilhação política.
Essa é a segunda condenação criminal de Sarkozy. Em 2021, ele havia sido sentenciado por corrupção e tráfico de influência, ao tentar obter informações confidenciais de um juiz em troca de favores. Na ocasião, cumpriu a pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Na prisão de alta segurança La Santé, onde já estiveram figuras como Carlos, o Chacal e Manuel Noriega, Sarkozy ficará sozinho em uma cela de 9 a 12 metros quadrados, equipada com chuveiro privativo, televisão e telefone fixo. O ex-presidente também terá acesso isolado ao pátio duas vezes ao dia e poderá realizar atividades individuais.
Segundo seu advogado, Jean-Michel Darrois, Sarkozy levou “suéteres, por causa do frio, e protetores auriculares, por causa do barulho”. À imprensa francesa, o ex-presidente revelou que levou três livros, entre eles O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas — a história de um homem injustamente preso que busca vingança.
A prisão de Sarkozy provocou repercussão nacional e internacional. Aliados conservadores e membros da extrema-direita classificaram a decisão como “exagerada” e “politicamente motivada”. Já especialistas jurídicos apontam que o caso simboliza uma mudança na política francesa de combate à corrupção.
Segundo análise da Reuters, a França tem reforçado o cumprimento imediato de sentenças, mesmo quando há recursos pendentes, buscando reduzir a percepção de impunidade entre políticos e empresários condenados por corrupção.
Uma pesquisa da Elabe, divulgada em 1º de outubro pela BFM TV, mostra que 58% dos franceses consideram o julgamento justo, e 61% apoiam a decisão de enviá-lo à prisão sem aguardar o resultado da apelação.
O presidente Emmanuel Macron, que mantém relação cordial com Sarkozy e sua esposa Carla Bruni, afirmou que o visitou antes da prisão. O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, também confirmou que fará uma visita ao ex-presidente nos próximos dias.
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