

Lula cobra mais compromisso global durante encerramento da Cúpula do Clima em Belém | Foto: Ricardo Stuckert/PR
08 de novembro de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou profunda preocupação com o ritmo lento das ações globais para conter o aquecimento do planeta e fez um apelo para que os líderes mundiais reafirmem o compromisso com o Acordo de Paris, que completa 10 anos. No encerramento da Cúpula do Clima, realizada em Belém (PA), nesta sexta-feira (7), Lula destacou que o mundo ainda está longe de atingir o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
“O mundo ainda está distante de atingir o objetivo do Acordo de Paris. O acordo se baseia no entendimento de que cada país fará o melhor que estiver ao seu alcance para evitar o aquecimento de 1,5º C. O que nos cabe perguntar hoje é: estamos realmente fazendo o melhor possível? A resposta é: ainda não”, afirmou o presidente.
Segundo ele, América Latina, Ásia e África são as regiões mais vulneráveis e podem enfrentar situações de inabitabilidade nas próximas décadas, com o desaparecimento de ilhas inteiras no Caribe e no Pacífico devido ao aumento do nível do mar. “Omitir-se é sentenciar novamente aqueles que já são os condenados da Terra”, alertou.
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Lula defendeu a revitalização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), instrumento central do Acordo de Paris. Ele lembrou que cem países, que respondem por quase 73% das emissões globais, apresentaram suas metas atualizadas, mas que o planeta ainda caminha para um aquecimento de cerca de 2,5º C. “No que depender do Brasil, Belém será o lugar onde renovaremos nosso compromisso com o Acordo de Paris”, destacou.
O presidente reforçou a necessidade de transformar as promessas em ações concretas. “Precisamos adotar medidas adicionais capazes de preencher a lacuna entre a retórica e a realidade”, disse.
Durante o discurso, Lula anunciou que o Brasil defenderá que a COP30, que ocorrerá em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro, reconheça o papel das comunidades indígenas e tradicionais como instrumentos essenciais de mitigação climática. Ele também mencionou o Mapa do Caminho Baku-Belém, que propõe alternativas para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais destinados à mitigação e adaptação climática.
Segundo o presidente, apenas uma pequena parcela desse financiamento chega aos países em desenvolvimento, e a maior parte ainda é oferecida em forma de empréstimos. “Não faz sentido ético ou prático demandar a países em desenvolvimento que paguem juros para combater o aquecimento global. Isso representa um financiamento reverso, fluindo do Sul para o Norte global”, criticou.
Lula também defendeu mecanismos de troca de dívidas por ações climáticas e afirmou que o combate à crise ambiental deve ser visto como investimento, e não como despesa.
Ao citar o relatório da Oxfam, o presidente ressaltou a desigualdade climática global e defendeu a taxação de grandes fortunas e das corporações multinacionais como forma de gerar recursos para ações ambientais. “O indivíduo pertencente ao 0,1% mais rico do planeta emite, num único dia, mais carbono do que os 50% mais pobres da população mundial durante o ano inteiro”, observou.
Ele ainda reiterou a proposta de criação de um Conselho do Clima na ONU, com o objetivo de fortalecer o multilateralismo e a cooperação entre as nações. “A Terra é única, a humanidade é uma só, a resposta tem que vir de todos para todos”, concluiu Lula.
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