

Operação foi deflagrada a partir de suspeitas em Madalena | Foto: Divulgação/MPCE
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e com apoio do Departamento Técnico Operacional (DTO) da Polícia Civil, deflagrou, na manhã desta terça-feira (1º), a Operação “Caçoeira”. A ação cumpriu dez mandados de busca e apreensão contra quatro advogados suspeitos de utilizar dados de idosos para ajuizar ações contra instituições bancárias sem o conhecimento dos beneficiados, apropriando-se de grande parte dos valores recebidos após decisões judiciais favoráveis.
Toda a operação seguiu os termos da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), com acompanhamento de representantes da OAB/CE, assegurando os direitos dos investigados.
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Os mandados foram executados nas residências e escritórios dos investigados nos municípios de Aracoiaba, Beberibe, Canindé, Eusébio, Fortaleza e Paramoti. Durante a operação, foram apreendidos documentos e aparelhos celulares, que servirão de base para as investigações do Nuinc. Os suspeitos poderão responder pelos crimes de falsidade ideológica e documental, associação criminosa, apropriação indébita e crimes contra a administração da justiça.
O MPCE iniciou a apuração das supostas irregularidades em 2019, após a Vara Única da Comarca de Madalena identificar a atuação suspeita dos advogados. As investigações apontam que os suspeitos tinham acesso aos dados dos idosos ao visitá-los em suas residências, em sua maioria analfabetos, aposentados e moradores da zona rural.
Os advogados utilizariam informações falsas para obter documentos pessoais das vítimas e convencê-las a ingressar com ações contra bancos. Em caso de decisões favoráveis, grande parte do valor recebido ficaria com os suspeitos, enquanto uma quantia reduzida era repassada aos idosos. Além disso, os investigados dificultavam o acesso das vítimas aos processos, bloqueando contato após conseguirem as decisões judiciais.
A operação foi batizada de “Caçoeira”, uma das redes de pesca tradicionais do Ceará. O nome faz alusão ao método utilizado pelos advogados para “pescar” idosos em situação de vulnerabilidade, com o objetivo de obter vantagens financeiras ilícitas.
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