

Os principais indícios foram mais de dez pegadas da era jurássico-cretácea identificadas na região conhecida como Bacia do Tacutu | Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
16 de novembro de 2025 — Pela primeira vez, pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) encontraram evidências de que dinossauros habitaram a Amazônia há mais de 103 milhões de anos. As descobertas ocorreram na cidade de Bonfim, em área conhecida como Bacia do Tacutu, onde mais de dez pegadas da era jurássico-cretácea foram registradas.
Apesar de não ser possível identificar exatamente quais espécies deixaram as marcas, os pesquisadores afirmam que as evidências apontam para dinossauros dos grupos dos raptores, ornitópodes — herbívoros bípedes — e xireóforos, que possuíam uma armadura óssea na parte superior do corpo.
A região amazônica sempre apresentou poucas descobertas paleontológicas devido à grande exposição das rochas e ao processo de intemperização, que desgasta e decompõe o material rochoso, prejudicando a preservação dos fósseis. Conforme explica o pesquisador Lucas Barros, responsável pela identificação das pegadas, materiais ósseos só se preservam quando as rochas permanecem soterradas por milhares de anos.
Segundo ele, a Bacia do Tacutu era, no passado, um vale formado por diversos canais de rios, rico em água e vegetação. Essa composição favoreceu o endurecimento e a fossilização das pegadas, permitindo que resistissem à erosão mesmo após serem expostas.
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As pegadas foram identificadas pela primeira vez em 2014, durante uma atividade de campo orientada pelo professor Vladimir Souza, do curso de Geologia da UFRR. Na época, a universidade não possuía especialistas em paleoecologia nem equipamentos adequados para análise, o que manteve o achado engavetado por anos.
O estudo foi retomado em 2021 por Lucas Barros, que transformou a descoberta em sua pesquisa de mestrado, desenvolvida com orientação do professor Felipe Pinheiro, da Unipampa. Utilizando técnicas de fotogrametria, Barros criou modelos 3D de alta fidelidade para descrever os icnofósseis e mapear novos afloramentos fossilíferos na região.
O pesquisador estima que a Bacia do Tacutu possa abrigar centenas de pegadas ainda não catalogadas. Além disso, novas áreas estão sendo estudadas, incluindo regiões da terra indígena Jabuti, onde já foram identificadas quatro áreas com valor científico relevante.
Entretanto, a pesquisa enfrenta obstáculos: muitas das pegadas estão em propriedades privadas, e há resistência de alguns proprietários rurais em autorizar estudos, devido ao receio de que novas descobertas resultem em demarcações ou restrições de uso da terra.
A descoberta representa um marco histórico para a paleontologia brasileira e amplia o conhecimento sobre a presença de dinossauros no território da Amazônia, antes considerada pouco favorável à preservação de fósseis.
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