

Ilustração sobre golpes | Foto: Pixabay
07 de dezembro de 2025 – As fraudes envolvendo falsos advogados cresceram de forma alarmante no Brasil, atingindo especialmente pessoas que aguardam decisões trabalhistas e pagamento de precatórios. Com a digitalização de processos, o acesso facilitado a documentos públicos e a demora na liberação de indenizações, criminosos têm se aperfeiçoado e elaborado esquemas cada vez mais sofisticados.
Golpistas vêm utilizando logotipos de tribunais, petições verdadeiras manipuladas e até recursos de inteligência artificial para simular vozes de advogados e servidores, tornando a abordagem mais convincente e ampliando o número de vítimas.
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A gravidade do problema levou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a criar, neste ano, uma equipe especializada no combate às fraudes. De acordo com Eduardo Ferrari, presidente da Comissão de Força-Tarefa para Enfrentamento do Golpe do Falso Advogado da OAB-SP, a orientação principal é clara: nunca interagir com contatos inesperados.
“Jamais converse com alguém que afirma ser do escritório sem checar antes. E é fundamental reforçar que não existe pagamento para liberar indenização. Isso é mentira”, alerta Ferrari.
Ele explica que a dinâmica do golpe segue um padrão: o criminoso diz representar o advogado real, envia documentos adulterados e solicita uma transferência urgente para liberação de um suposto valor. “A conta é sempre de terceiro, o que já denuncia a fraude. O ideal é encerrar a conversa e contatar o escritório por um número oficial já conhecido. Com o uso de inteligência artificial para imitar vozes, a conferência presencial ou por canais verificados se tornou ainda mais necessária”, afirma.
Ferrari também destaca que vender créditos judiciais é permitido, porém demanda atenção. “A pessoa deve confirmar que está lidando com um advogado sério e buscar referências reais. Vender crédito sem orientação adequada é um risco enorme”, diz.
O advogado Léo Rosenbaum, especialista em direitos do consumidor, explica que o golpe se expandiu após a digitalização dos sistemas judiciais, como PJe e e-SAJ. “O estelionatário consegue baixar uma petição verdadeira, troca a assinatura, coloca o brasão do tribunal e envia pelo WhatsApp dizendo que ‘o alvará saiu, mas falta pagar uma taxa via PIX’”, relata.
Segundo ele, sinais de alerta são simples: número desconhecido, DDD diferente e mensagens dizendo que é preciso pagar algo para liberar valores. “Tribunais não cobram taxas via PIX. Nem Justiça, nem advogados verdadeiros pedem depósito para liberar precatórios. Isso é proibido”, reforça.
Rosenbaum orienta que o cliente sempre valide qualquer informação acessando diretamente o site do tribunal para confirmar o documento. Depois disso, retome o contato apenas pelo canal oficial do escritório.
O criminalista Antonio Gonçalves reforça que criminosos exploram a ansiedade de quem espera decisões há muitos anos. “Golpistas usam pressão emocional, dizendo que é urgente. Intimações verdadeiras chegam com aviso de recebimento. Nunca se deve abrir links enviados por desconhecidos sem confirmar com o advogado”, diz.
Gonçalves lembra ainda que, embora a venda de precatórios seja legítima, envolve descontos, incidência de Imposto de Renda e exige acompanhamento jurídico adequado. “Soluções mágicas não existem”, alerta.
O cenário nacional contribui para a proliferação das fraudes. O país tem mais de 10 milhões de ações trabalhistas ativas, mais de R$ 1 trilhão em indenizações em disputa e atrasos que podem ultrapassar 15 anos em pagamentos de precatórios. Com tamanha espera, muitos acabam cedendo a promessas de liberação imediata — terreno ideal para golpes.
Mesmo com tantos riscos, existe alternativa legal e regulamentada: a cessão de crédito judicial, prevista no artigo 286 do Código Civil. Empresas especializadas analisam diretamente o processo e fazem ofertas ao titular do crédito.
Segundo Herbert Camilo, CEO da Anttecipe.com, a análise leva em conta sentença favorável em segunda instância e valores superiores a R$ 80 mil. Se houver acordo, o cliente pode receber até 80% do valor líquido em até 24 horas após assinar o contrato. A empresa reforça que todo o procedimento é formalizado, com análise documental e sem pedidos de pagamento antecipado — principal diferença entre o serviço legal e os golpes.
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