Ser pai e mãe é um processo coberto de múltiplas situações. Escutar os relatos de outras famílias podem nos dar um norte, mas nunca substituem a própria experiência. É um misto de pensamentos e descobertas. E todo momento vivenciado é novo para a mulher e o homem que acabaram de se tornar pais, assim como para a criança que acabou de nascer. E desde que os bebês nascem estão expostos às experiências e ao desenvolvimento, ou seja, a todo momento os bebês estão aprendendo.
Uma das grandes preocupações dos pais se traduz em uma pergunta que traz um frio na barriga e que ninguém quer ouvir uma resposta negativa. Afinal, “meu filho está com atraso no desenvolvimento? E, então, como saber?”.
Atualmente, o nível de informações compartilhadas nos permitem um acompanhamento mais próximo do desenvolvimento das crianças. Como fator de monitoramento desse processo, temos os Marcos do Desenvolvimento, que são um conjunto de habilidades que esperamos serem adquiridas conforme a idade da criança dentro de um período mínimo e máximo de tempo. Portanto, acompanhar estes marcos ajudam pais, médicos e profissionais a identificarem quando a criança se encontra dentro de um atraso ou risco de atraso do desenvolvimento.
Existem parâmetros específicos para realizar esse acompanhamento. A Caderneta de Vacinação, por exemplo, possui indicadores dos Marcos do Desenvolvimento, sendo um instrumento de fácil acesso aos pais. Além disso, existem também o Teste de Triagem de Desenvolvimento Infantil Denver II e a Escala Bayley. Esses últimos são aplicados por profissionais habilitados.
O primeiro passo, no entanto, deve ocorrer por meio das consultas pediátricas, oportunidade em que o médico realiza esse acompanhamento. O segundo passo deve ser o monitoramento dos pais e responsáveis por meio da Caderneta de Vacinação, onde há indicadores gerais. Caso seja identificado que a criança não alcançou alguma habilidade esperada é preciso que seja realizada uma avaliação completa do seu desenvolvimento infantil, sendo esse o terceiro passo, porém não menos importante.
A qualquer sinal de suspeita é preciso que uma avaliação seja iniciada para que as medidas – quando necessárias – possam ser realizadas dentro do período de maior neuroplasticidade do cérebro da criança, ou seja, tempo de maior aprendizagem e possibilidades de redução de possíveis atrasos do desenvolvimento.
Precisamos acabar com o mito que “cada criança tem seu tempo”. Isso é verdade, porém dentro de um período mínimo e máximo, entende? Por exemplo, baseado no Teste Denver II, é esperado que a criança seja capaz de combinar palavras – “dá mamãe” – entre, aproximadamente, 1 ano e 6 meses até os 2 anos de idade. Caso isso não seja observado é preciso que a criança seja avaliada por um especialista para que os possíveis fatores possam ser melhor investigados.
6 meses de idade:
9 meses de idade:
12 meses de idade:
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Os exemplos mencionados são uma estimativa, podendo ter a habilidade adquirida dentro de um tempo mínimo e máximo. Porém, também precisamos lembrar que cada criança é única e o seu desenvolvimento está relacionado com o ambiente em que vive, as circunstâncias pré-natais, de nascimento, os estímulos que recebe, o afeto e as oportunidades de autonomia que são ofertadas, dentre outros fatores. Quando nos referimos a indivíduos, não existe regra, não existe receita e 1 mais 1, pode não ser 2. Portanto, sempre será preciso uma avaliação com um profissional especialista.
Os dados aqui expressos possuem o objetivo de proporcionar aos pais um maior nível de compartilhamento de informações. Como mãe, entendo o quanto que ficamos preocupados e, às vezes, até impressionados. Contudo, longe desse objetivo. O foco aqui é auxiliar as crianças nesse processo de desenvolvimento. Processo esse que também somos participantes.
Emanuella Queiroz é psicopedagoga clínica formada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Atua há 10 anos com famílias, crianças e adolescentes. Entre os trabalhos que realiza estão os planejamentos de rotinas infantis. Mais informações no site ABC do Aprender
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