Os dados da inadimplência no Brasil vêm registrando recordes consecutivos, puxados pela alta da inflação e a consequente corrosão do poder de compra dos brasileiros, pelos índices ainda elevados de desemprego e a recuperação a passos lentos da economia.
Segundo os dados da Serasa Experian relativos ao mês de junho, 66,8 milhões de brasileiros se encontravam inadimplentes, ou seja, com o nome restrito, totalizando R$ 281,4 bilhões em dívidas, o equivalente à média de R$ 4.211,83 por pessoa. Um valor expressivo, considerando que o rendimento médio dos brasileiros, no primeiro trimestre, se situou em R$ 2.548,00, após uma queda de 8,7% no período, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA).
Ao mesmo tempo que o temor de não pagar as contas impacta a maior parte dos brasileiros, eles seguem se endividando, e em agosto, 79% das famílias brasileiras tinham dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa), de acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC).
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
Neste cenário, temos visto crescer a busca por formas de equacionar suas dívidas em condições melhores, já que qualquer diferença na taxa de juros tem um impacto muito forte junto a esse público, por conta da variação sobre o valor da dívida. Paradoxalmente, parcela dos endividados enfrenta dificuldades para obtenção de crédito por ter seu nome restrito, embora queiram saldar suas dívidas. Em certos casos, a busca por crédito dessas pessoas é motivada também pelo desejo de investir em um negócio próprio ou ampliar aquele que já têm, inclusive como forma de melhorar o seu rendimento ou garantir uma renda adicional para fugir da inadimplência e romper esse ciclo de endividamento.
Como alternativa ao mercado de crédito tradicional, surgiu o segmento de peer to peer lending, cujos players atuam como intermediários entre os investidores – ou seja, pessoas que têm capital disponível e que buscam uma melhor remuneração para seus investimentos — e os tomadores de crédito. É de sua responsabilidade fazer a captação dos clientes e realizar uma criteriosa análise dos riscos para aprovar ou não uma solicitação de crédito. Com base nessa análise, o investidor define a quem emprestará o dinheiro e em quais condições, atuando como se fosse um banco.
Com o apoio da tecnologia, que automatiza todo processo da oferta e da contratação do empréstimo, este modelo amplia a oferta de recursos no mercado, desburocratiza o processo da tomada de recursos e facilita a vida de quem precisa quitar suas dívidas ou busca recursos para investir. Por ser uma operação relativamente recente, o mercado não dispõe de informações consolidadas sobre quanto este segmento movimenta hoje. Um indicador do potencial desse segmento é que apenas a nossa plataforma recebe 4 mil solicitações de crédito e intermedia cerca de R$ 700 mil em operações a cada mês, contando, na outra ponta, com cerca de 630 investidores ativos.
Não resta dúvida de que a abertura do mercado financeiro, propiciada pelo open finance, associada ao uso da tecnologia, está proporcionando novas alternativas para que a população endividada ou não, inadimplente ou não, tenha acesso a recursos que, de outra forma, seriam mais restritos ou onerosos, para ajudar a pagar dívidas ou investir em busca de uma vida mais próspera.
Diego Camacho é fundador e CEO da Wise Money.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Portal Terra da Luz. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, ou um outro artigo com suas ideias, envie sua sugestão de texto para portalterradaluz@gmail.com.
Leia também | Mercado financeiro reduz projeção da inflação de 6,61% para 6,4%
A Wise Money é uma startup que atua como correspondente bancário, autorizada pelo Banco Central a viabilizar operações peer to peer lending, modalidade de empréstimos entre pessoas físicas. Foi fundada em novembro de 2020, por Diego Camacho, ao qual se uniram outros três sócios, Renato Pires, Luis Carlos Menezes e Rodrigo Assunção Batista, com trajetórias e competências reconhecidas nos mercados financeiro, de tecnologia e de consultoria de empresas. A startup conta com uma equipe de especialistas em análise e recuperação de crédito, e utiliza informações provenientes da Serasa Experian e do Banco Central, combinadas à inteligência da plataforma e dos seus analistas.
Leia também | MRV se destaca em mais duas premiações com foco no relacionamento