

Debates migraram para redes sociais e aplicativos de mensagens, exigindo novas estratégias de comunicação de governos, empresas e instituições | Foto: reprodução
1 de outubro de 2025 – O espaço público mudou de endereço. Se antes a política acontecia nas praças, nos sindicatos, nos parlamentos e nos jornais impressos, hoje ela também acontece no grupo de WhatsApp da família, na live do vereador, no comentário de um post viral no Instagram. Esse deslocamento do debate para ambientes digitais transformou radicalmente a forma como se constrói legitimidade, se mobiliza apoio e se influencia a agenda pública.
“E agora, como dialogar sem perder a mão na narrativa?”
A cidadania digital deixou de ser um conceito acadêmico e tornou-se uma força concreta. No Brasil, segundo o DataReportal, mais de 147 milhões de pessoas usam redes sociais ativamente e passam, em média, mais de 3 horas por dia nelas. O WhatsApp, em especial, é onipresente: usado para comunicação pessoal, trabalho, comércio e, cada vez mais, para mobilização política. Não é à toa que eleições recentes foram fortemente impactadas pela capacidade de grupos digitais disseminarem informações (e desinformações) em velocidade recorde.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
Nesse contexto, o maior risco para instituições, empresas e governos não é apenas reagir tarde demais, mas perder a narrativa. Quando o público se informa em tempo real, não basta emitir uma nota de esclarecimento dias depois ou publicar um comunicado formal. A disputa por atenção é feroz e as percepções são moldadas em minutos.
Muitos gestores ainda acreditam que podem controlar a conversa. Tentam silenciar críticas ou responder de forma burocrática, o que frequentemente gera efeito contrário: alimenta desconfiança e amplia a crise. O desafio é participar do diálogo sem tentar manipulá-lo, criando pontes legítimas de comunicação, com linguagem clara, empatia e velocidade.
Profissionais de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) precisam ampliar seu repertório para atuar nessas novas arenas. Algumas práticas essenciais:
Apesar dos riscos, a cidadania digital é também uma enorme oportunidade. Pela primeira vez na história, instituições podem ouvir diretamente suas comunidades, testar percepções em tempo real e ajustar políticas e projetos de forma ágil. O que antes era uma pesquisa de opinião cara e demorada, hoje pode ser um formulário online ou uma enquete rápida. Essa proximidade gera legitimidade e reforça o capital reputacional.
É preciso reconhecer, no entanto, que o ambiente digital pode amplificar polarizações e desinformação. O mesmo canal que dá voz à participação popular pode ser usado para campanhas de ódio, linchamentos virtuais e manipulação. Daí a importância de investir em alfabetização midiática, educação cívica e regulação inteligente, que proteja a liberdade de expressão sem abrir mão de responsabilidade.
No mundo atual, o profissional de RIG precisa ser também um curador de conversas digitais. Deve ajudar sua organização a ouvir antes de responder, traduzir temas complexos para linguagem simples, construir confiança com diferentes públicos e monitorar o impacto das mensagens. A atuação deixou de ser apenas no gabinete e passou a incluir o feed, o grupo, o podcast e o espaço digital onde o debate está vivo.
De fato o povo está no grupo de WhatsApp, no TikTok, na live do influenciador local.
A pergunta é: Sua estratégia de relacionamento institucional está lá também? Ou ainda espera que o debate venha até o gabinete?
O futuro das políticas públicas e da reputação institucional passa, cada vez mais, por essas microconversas digitais, e ignorá-las é abrir mão de participar da construção da narrativa.
Josbertini Clementino é especialista em Relações Institucionais e Governamentais l Políticas Públicas l Gestão de Projetos e Stakeholders l Conselheiro de Administração IBGC l Regulatório l Advocacy l RIG l RelGov
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Portal Terra da Luz. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, ou um outro artigo com suas ideias, envie sua sugestão de texto para portalterradaluz.
Leia também | Feriados de 2026 caem em dias úteis e garantem até 10 oportunidades de folga prolongada
Tags: cidadania digital, WhatsApp, redes sociais, política digital, mobilização política, fake news, relações institucionais, RIG, RelGov, comunicação digital, reputação institucional, debate público, participação social