

Ex-presidente Jair Bolsonaro em sua casa em Brasília onde cumpre prisão domiciliar | Foto: REUTERS/Diego Herculano
A Polícia Federal (PF) cumpriu, no dia 22 de novembro, o mandado de prisão preventiva expedido em desfavor do ex-presidente Jair Bolsonaro, que já se encontrava preso em regime domiciliar. Os fatos, narrados pela mídia e confirmados na leitura da Petição 14.129, do Distrito Federal, indicam os elementos que levaram à decretação da prisão e à permanência de Bolsonaro na Superintendência da PF, em Brasília.
Um dia antes, o senador Flávio Bolsonaro havia publicado nas redes sociais um chamamento de manifestantes para uma “vigília pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade do Brasil”. A referida vigília seria realizada no local de cumprimento de sua prisão domiciliar e, por isso, segundo a PF, tal aglomeração poderia se desdobrar em ações semelhantes às dos acampamentos em frente aos quartéis do Exército e até de manifestações similares às que desembocaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Segundo a Petição 14.192, o vídeo de Flávio Bolsonaro é considerado “beligerante em relação ao Poder Judiciário, notadamente o Supremo Tribunal Federal, em reiteração da narrativa falsa no sentido de que a condenação do réu Jair Messias Bolsonaro seria consequência de uma ‘perseguição’ e de uma ‘ditadura’ desta Suprema Corte”. Contudo, não foi apenas esse episódio o determinante para a prisão. Vejamos.
Ainda de acordo com a ordem de prisão: “Além disso, o Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada pelo seu filho”.
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Em síntese: a PF e o STF entenderam que há indícios suficientes de uma articulação que previa conjugar uma manifestação nas adjacências da residência de Bolsonaro com uma fuga para alguma embaixada, já que estaria sem a tornozeleira eletrônica. Ressalte-se, ainda, que “um dos filhos de Bolsonaro agiu de maneira traiçoeira contra o próprio país, inclusive abandonando seu mandato parlamentar. Na sequência, o outro filho do líder da organização, Flávio Bolsonaro, insultando a Justiça de seu país, pretende reeditar acampamentos golpistas e causar caos social no Brasil, ignorando sua responsabilidade como senador da República”.
A ordem de prisão, expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, destacou que se deveria resguardar e respeitar a dignidade do ex-presidente, sem o uso de algemas e sem qualquer exposição midiática. O fato, aqui, é incontornável e coloca em risco a estratégia da defesa de Bolsonaro de, ao fim do julgamento, com o trânsito em julgado, possibilitar que o ex-presidente permanecesse em prisão domiciliar. As ações de Flávio Bolsonaro e de Jair Bolsonaro, convocando manifestações e tentando romper a tornozeleira, respectivamente, colocam obstáculos à prisão domiciliar e complicam a situação do ex-presidente.
Politicamente, teremos, por certo, um aumento da temperatura e das tensões entre os atores políticos, sejam os bolsonaristas, sejam os governistas. Após a prisão, as redes sociais, de um lado e de outro, foram mobilizadas e a repercussão da prisão preventiva se intensificou na mídia.
Ademais, na segunda-feira, 24 de novembro, os bolsonaristas usaram os espaços institucionais para defender Bolsonaro e atacar o STF. Duas hipóteses podem ser consideradas: a primeira é a de que manifestações podem tomar as ruas e até gerar episódios de violência; a outra possibilidade é que, com esse novo capítulo, a direita possa acelerar a “virada de página” e pensar no nome capaz de herdar o espólio político e eleitoral de Bolsonaro.
Em relação às possíveis manifestações violentas, a memória recente estará presente entre aqueles que foram julgados, presos e condenados no 8 de janeiro e, também, nas condenações do núcleo crucial da trama golpista. As instituições — o STF à frente — não indicam tolerar novos atos de ataque à democracia e às decisões judiciais.
A vida de Bolsonaro está, doravante, mais complicada. As paixões afloram: uns brindam e comemoram; outros, por sua vez, protestam por entenderem que ocorre uma injustiça. O tabuleiro do xadrez político é movimentado com vistas às eleições de 2026.
Rodrigo Augusto Prando, Sociólogo e cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)
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