Eu diria que a juventude é uma geração movida por sonhos e desafios. Para captar esse olhar histórico e de necessárias transformações, uma questão persiste desde que me entendo por gente: De que forma o poder público municipal pode dialogar com os jovens, principalmente das periferias de Fortaleza?
Não existem respostas fáceis e os desafios são gigantescos.
Até o final da década de 1990, os índices de violência, mesmo marcados pelo conflito de gangues, não atingiam esses níveis preocupantes da atualidade. O que se vê, duas décadas depois, na capital cearense é o crescimento dessa população para 720 mil jovens entre 15 e 29 anos (IBGE, 2022) e a ausência de políticas públicas concretas.
São grupos que enfrentam uma realidade atravessada pela guerra de facções fortemente armadas e pouco espaço para as vozes da cultura e oportunidades de emprego.
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A primeira tentativa de enfrentar esse dilema foi na gestão Luizianne Lins, que iniciou o projeto revolucionário dos CUCAs (Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte). Nos primeiros anos, a política tinha um olhar mais amplo, englobando teatro, cinema, música e línguas estrangeiras. Hoje, muitos jovens, mesmo residindo nas proximidades desses equipamentos, têm medo de se deslocar e enfrentar a ira de facções rivais.
A maioria dos bairros da cidade não conta sequer com um espaço estruturado para suas manifestações culturais. É preciso mais do que nunca romper o circuito da violência e das drogas. Temos que ir além dos CUCAs e ocupar os espaços das escolas (municipal e estaduais) nos finais de semana.
Organizar núcleos geridos pela comunidade, integrando cultura, esporte, qualificação e segurança alimentar. Somente assim podemos apresentar um caminho justo, humano e democrático para toda uma geração que está na periferia e deseja ir além das estatísticas perversas do crime.
Acrisio Sena é historiador e presidente do Instituto Centec
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