

Anvisa identifica 65% de reprovação e prorroga prazo para adequação das normas | Foto: Freepik
29 de novembro de 2025 — Dois em cada três suplementos alimentares avaliados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentam algum tipo de irregularidade, segundo levantamento atualizado até julho de 2025. As falhas vão desde ingredientes proibidos e doses acima do permitido até ausência de testes de pureza e estabilidade — procedimentos essenciais para garantir segurança ao consumidor.
Apesar do alto índice de problemas, a Anvisa prorrogou até 2026 o prazo para que empresas se adequem às regras de composição, rotulagem e qualidade, inicialmente previstas para entrar em vigor neste ano. O setor, que movimenta bilhões e cresce rapidamente com promessas de performance, emagrecimento e bem-estar, segue sob forte preocupação de especialistas.
A gerente de regularização de alimentos da Anvisa, Patrícia Ferrari Andreotti, afirmou em audiência pública que “o setor ainda não está em conformidade com o padrão de segurança exigido”, reforçando a urgência da fiscalização.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<

O consumo de suplementos no Brasil aumentou quase 300% nos últimos dez anos, segundo a ABIAD. No entanto, a expansão ocorreu sem padronização e com fiscalização limitada. Entre 2020 e 2025, 63% das investigações abertas pela Anvisa em alimentos envolveram suplementos — maior índice entre todos os segmentos regulados.
A agência já interditou marcas como Insuzin e Prostnar, que apresentavam substâncias farmacológicas não declaradas. Segundo especialistas, muitos desses produtos transitam na chamada “zona cinzenta”, sendo vendidos como alimentos, mas com alegações e composições de medicamentos.
A falta de controle representa riscos reais à saúde. Médicos afirmam que vitaminas manipuladas, proteínas, termogênicos e suplementos adquiridos sem indicação adequada podem sobrecarregar fígado, rins e coração.
“O mito de que suplemento ‘natural’ é inofensivo põe vidas em risco. O excesso de vitaminas lipossolúveis pode gerar toxicidade, e estimulantes escondidos podem causar arritmias”, explica a endocrinologista Geórgia Castro.
Casos graves incluem taquicardia, tontura, hipertensão, falência renal e intoxicação hepática. Compras em academias ou sites estrangeiros, muitas vezes sem registro, elevam ainda mais o risco.
Uma consumidora identificada como Priscila relatou ao g1 efeitos severos após ingerir um suplemento que prometia perda rápida de peso. Ela teve sudorese, taquicardia, pupilas dilatadas e náuseas intensas. “Achei que fosse morrer”, contou.
Especialistas recomendam medidas básicas de segurança:
– Verificar o número de notificação da Anvisa no rótulo (obrigatório para produtos lançados após 2024).
– Desconfiar de alegações milagrosas, como emagrecimento rápido ou aumento de libido.
– Conferir CNPJ e fabricante.
– Consultar o produto no portal da Anvisa.
– Comprar apenas em estabelecimentos confiáveis e com nota fiscal.
A Anvisa reforça que a prorrogação das normas não suspende a fiscalização e que as inspeções continuam sendo realizadas. Suplementos lançados desde 2024 já devem seguir as regras atualizadas.
Fabricantes representados pela ABIAD afirmam que já seguem as normas e defendem estabilidade regulatória. Já o setor farmacêutico, por meio do Grupo FarmaBrasil, alerta que o atraso na aplicação das regras gera “concorrência desleal” entre empresas sérias e irregulares.
A venda online de suplementos falsificados preocupa autoridades e entidades de defesa do consumidor. Produtos com embalagens idênticas às originais são comercializados em marketplaces e redes sociais, dificultando o rastreamento.
“O consumidor acha que está comprando um produto regular, mas recebe algo sem procedência”, alerta Juliana Pereira, presidente do IPS Consumo.
Leia também | TRF revoga prisão preventiva e banqueiro Daniel Vorcaro é solto com tornozeleira eletrônica
Tags: suplementos alimentares, Anvisa, irregularidades em suplementos, saúde pública, efeitos colaterais, riscos hepáticos, riscos cardiovasculares, fiscalização sanitária, ABIAD, suplementos falsificados, saúde do consumidor, termogênicos, vitaminas, estabilidade de alimentos, mercado fitness, emagrecimento rápido, segurança alimentar, regulações sanitárias, indústria de suplementos, riscos à saúde, consumo consciente, produtos irregulares, fiscalização da Anvisa, produtos proibidos