

O otimismo tradicional desta época será testado pelo avanço da inadimplência, pela inflação persistente e pelos juros elevados | Foto: Freestock/Unsplash
14 de novembro de 2025 – O comércio varejista inicia o período mais aquecido do ano impulsionado pela Black Friday e pelas compras de Natal. No entanto, o otimismo tradicional desta época será testado pelo avanço da inadimplência, pela inflação persistente e pelos juros elevados, que continuam a pressionar o orçamento das famílias.
De acordo com o Sindilojas-SP, a estratégia do setor será apostar em descontos agressivos, condições exclusivas e parcelamentos alongados no cartão de crédito para atrair o consumidor em um ambiente econômico desafiador.
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Em setembro, o Brasil atingiu 79,1 milhões de pessoas inadimplentes, segundo a Serasa. A maior parte das dívidas está concentrada em bancos e cartões de crédito (27%), contas básicas como água, luz e gás (21,3%), financeiras (19,9%) e serviços (11,5%). Cada inadimplente devia, em média, R$ 6.267,69, distribuídos em cerca de quatro dívidas negativadas.
A permanência da inflação em patamar elevado e a manutenção da Selic em 15% pelo Copom reforçam o cenário de crédito caro. Mesmo com projeções de queda para 2026, a taxa deve encerrar o ano em torno de 12%, nível ainda pressionado.
Para Aldo Nuñez Macri, presidente do Sindilojas-SP, a inadimplência é o principal “freio” para as vendas de fim de ano. Dados da Fecomercio-SP indicam que 72,7% das famílias paulistanas estão endividadas — o maior índice em dois anos — e 22,7% estão inadimplentes, o maior nível desde o fim de 2023.
Em dezembro de 2024, o faturamento bruto real do varejo cresceu 6,7% em relação ao ano anterior. Porém, para 2025, a expectativa é de avanço mais moderado. O 13º salário deve injetar R$ 30,8 bilhões na economia paulistana, mas boa parte desse recurso será destinada ao pagamento de dívidas.
Apesar disso, o desempenho positivo do primeiro semestre e a manutenção do emprego na capital paulista sustentam algum otimismo para o fim de ano, ainda que abaixo do observado em 2024.
Outro obstáculo é o baixo nível de estoque: apenas 53% das empresas declararam ter produtos suficientes em outubro. Os juros altos encarecem o crédito para a reposição de mercadorias, dificultando o planejamento dos lojistas.
A disputa por mão de obra também deve ser intensa. O mercado de trabalho aquecido reduz a oferta de profissionais para vagas temporárias, especialmente entre trabalhadores mais qualificados. A estimativa é que cerca de 7 mil temporários sejam contratados neste fim de ano, leve alta em relação aos 6,2 mil de 2024.
Segundo Macri, o varejo precisará planejar promoções com rigor, estimular pagamentos à vista para aproveitar o 13º salário e fortalecer o relacionamento com clientes adimplentes, oferecendo vantagens exclusivas. O parcelamento no cartão deve continuar sendo uma ferramenta importante, mesmo com custos elevados.
“O lojista precisa evitar excessos — seja em estoque, seja em promoções — para não comprometer o caixa e o capital de giro. A cautela é a palavra-chave para atravessar o período mais esperado do comércio com saúde financeira e bons resultados”, afirma.
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