A nota oficial emitida pelo presidente Jair Bolsonaro movimentou as redes sociais do Brasil, nesta quinta-feira (9/9). Alguns políticos fizeram a defesa do posicionamento do presidente da República. Entre os políticos da oposição houve quem adotasse um tom mais conciliador, embora com palavras de demostram desconfiança, mas a maioria não poupou críticas.
Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes” e que os ataques feitos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum“. A nota oficial é uma tentativa de diminuir a temperatura da crise institucional instalada entre os Poderes da República após os pronunciamentos do presidente, em Brasília e em São Paulo, durante manifestações organizadas por apoiadores do governo.
Mas, pelo tom da maioria dos pronunciamentos dos políticos no Twitter, a pressão contra o presidente deve continuar grande.
Aqui no Ceará, o governador Camilo Santana (PT-CE) espera “que o gesto do presidente neste dia se transforme em ações práticas de respeito à democracia e às instituições. Ninguém neste país está acima da lei e da Constituição. Ninguém”.
O senador Cid Gomes (PDT-CE) destacou: “Hoje Bolsonaro voltou atrás nas correções e bravatas que cometeu no Dia da Independência. Mas esse gesto não assegura que ele mude. É preciso aguardar. Ele já provou que só pensa na política dele e dos filhos. Sua preocupação não é com o povo brasileiro”.
Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), crítico de Bolsonaro; e Eduardo Girão (Podemos-CE), apoiador do governo Bolsonaro, não haviam se pronunciado até o fim da noite.
O presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) foi mais contundente no ataque: “A nota que Bolsonaro divulgou há pouco é a rendição mais ridícula e humilhante de um presidente em toda história mundial. É a prova de que ele não tem mais autoridade política nem moral de governar o país”.
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), comentou a nota oficial de Jair Bolsonaro, no Twitter num tom conciliador: “A declaração à nação do presidente Jair Bolsonaro, afirmando inclusive que a ‘harmonia entre os Poderes é uma determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar’, vai ao encontro do que a maioria dos brasileiros espera”, escreveu.
Já o deputado federal eleito pelo Estado do Rio de Janeiro e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (sem partido) foi ao ataque: “Frouxo e covarde. O evento de terça foi um desastre pro Bolsonaro, e a nota agora uma humilhação”.
O posicionamento de Bolsonaro divulgado na nota oficial foi construído com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, que esteve nesta quinta-feira (9/9) com o presidente da República, no Palácio do Planalto. Joice Hasselmann, deputada Federal eleita por São Paulo pelo PSL, mesmo partido que elegeu Bolsonaro, disparou: “O tigrão virou tchutchuca. Bolsonaro é um calça frouxa mesmo. Qualquer um que tenha pelo menos 2 neurônios, seja bípede e não tenha penas, sabe que a nota – redigida por Temer para apagar o incêndio do falastrão – não tem uma linha do que o realmente acredita e quer o (ainda) presidente da República. É maior mentira que Bolsonaro já contou”. A deputada Joice Hasselmann foi mais além: “JB (Jair Bolsonaro) está com muito medo do impeachment”, declarou.
O governador de São Paulo (PSDB-SP), João Doria, pré-candidato à presidência da República, comemorou: “O leão virou um rato. Grande dia!”
Ciro nogueira, Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, tentou apaziguar: “A harmonia e o diálogo entre os poderes compõem as bases nas quais se sustenta nosso país. O gesto do presidente Jair Bolsonaro demonstra que estamos unidos no trabalho pelo que mais importa, a recuperação do nosso país e o cuidado com os brasileiros”.
Já o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que não julgaria as motivações de Bolsonaro para emitir a nota. Segundo ele, “há um país real muito sofrido esperando capacidade de enfrentar o desemprego, a fome e a inflação”. Disse que é hora de “seguir em frente”, caso o recuo do presidente sirva para esse objetivos. Mas o deputado Marcelo Ramos também deixou um tom de desconfiança no ar: “Que não sejam só palavras jogadas ao vento, como foram as últimas vezes e que não sirva para apagar todos os crimes cometidos até aqui”, declarou.
Leia também | Presidente do TSE rebate ataques de Bolsonaro ao tribunal e às urnas eletrônicas