Por morar longe da praia e ser cadeirante, o banho de mar não fazia parte da rotina de Manoel Cosme da Silva, de 85 anos, um das pessoas mais antigas acompanhadas pelo Centro de Convivência Antônio Diogo (CCAD), em Redenção. No entanto, essa já é a segunda vez no ano que vem à Fortaleza para esse tipo de atividade. Além de trazer tranquilidade, o passeio o inspira a criar versos.
“Eu venho de Antônio Diogo/ aqui para a Beira-Mar/ atravessei Fortaleza/ até aqui chegar”, recita Manoel, mais conhecido como “Manelão”, que costuma fazer poesia.
Ele e outras pessoas assistidas pelo CCAD, equipamento mais antigo da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), visitaram, na última sexta-feira (25), a Praia Acessível de Fortaleza. O encontro foi promovido pela Sesa, com o apoio da Fundação NHR Brasil, organização não-governamental holandesa fundada em 1967 para combater a hanseníase em 14 países ao redor do mundo, e da prefeitura de Redenção. Estiveram presentes, pacientes e ex-pacientes acometidos pela hanseníase, além de familiares.
Quem também se refrescou nas águas salgadas da Praia de Iracema foi o aposentado Tibúrcio Alves, de 84 anos, morador do CCAD desde 2007. “A água do mar é abençoada por Deus e nos deixa com mais saúde. É bom demais!”, disse.
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O diretor-geral do CCAD, Assis Guedes, pontua que atividades como essa fazem parte do planejamento do equipamento de saúde e tem o objetivo de garantir os direitos dos pacientes atendidos pelo Centro de Convivência. “Essa ação faz parte da nossa missão, porque os pacientes têm direito à socialização, assim como à integração entre eles e à humanização dos serviços”, explica.
O projeto disponibiliza uma estrutura adaptada para que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida possam usufruir do mar e da praia de forma segura e confortável. O serviço oferece espaço de lazer com esteira de acesso e cadeiras anfíbias, além do suporte personalizado e seguro de profissionais do Corpo de Bombeiros. A iniciativa é do Governo do Ceará, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza.
O Centro de Convivência Antônio Diogo é uma instituição localizada em Redenção (CE), voltada para acolher e oferecer suporte a pessoas afetadas pela hanseníase, incluindo pacientes em tratamento e ex-pacientes que convivem com sequelas da doença. O espaço proporciona um ambiente seguro para que essas pessoas possam receber cuidados médicos, reabilitação física e apoio psicossocial, além de participarem de atividades sociais e culturais.
O CCAD simboliza a longa batalha pela ressocialização das comunidades afetadas pela enfermidade, que foram isoladas compulsoriamente como parte das primeiras medidas preventivas adotadas no país no início do século 20.
Por Kelly Garcia – Ascom Sesa
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