Um dos grandes desafios do papel do herdeiro de empresas familiares é eternizar um sonho construído para ele, afinal os pais trabalham sempre em prol do futuro dos filhos. No entanto, para se apropriar desse sonho é preciso que o herdeiro mergulhe na história, no esforço e dedicação que seus antecessores tiveram para construir o presente; e, assim, poder contribuir com a perpetuidade desse legado. E números recentes mostram o quanto a longevidade dessas empresas é importante não só para a família empresária, mas principalmente para funcionários e sociedade.
Para se ter uma ideia dessa relevância, 90% das empresas, no Brasil, têm perfil familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de responder por mais da metade do PIB, as empresas familiares também empregam 75% da mão de obra no País. No mundo, as 500 maiores empresas familiares empregam 24,52 milhões de pessoas. Segundo o índice mundial de empresas familiares, com números de 2023, essas 500 maiores empresas familiares geram receita de US$ 8,02 trilhões – um aumento de 10% em relação a 2021. De fato, sua contribuição é tão significativa que, se fossem uma economia nacional, seriam a terceira maior entre o clube das 19 “economias de trilhões de dólares” que existem no mundo, depois dos EUA e da China, diz o levantamento da EY e da Universidade de St.Gallen.
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A longevidade das empresas familiares são desejo e, ao mesmo tempo, preocupação das famílias herdeiras. Trabalhar a governança corporativa, por exemplo, tem motivado gestores a investir nessa que pode ser a ferramenta necessária para a continuidade das operações empresariais. E, no Ceará, não é diferente.
Segundo Rafael Saldanha, sócio da RS Governance, profissionais de diferentes áreas vêm se especializando para ajudar as famílias na sucessão e continuidade dos negócios cearenses. Entre esses profissionais, estão os ligados às áreas de finanças, governança e gestão, como advogados, psicólogos, especialistas na área de investimento social e filantropia. “Alguns conhecimentos são necessários para famílias que têm empresa e familiares trabalhando dentro dela”, destaca Saldanha, que aponta haver uma relação família-empresa peculiar, em que há várias subjetividades – de um marido trabalhando com a esposa; marido e esposa trabalhando com filhos; posteriormente netos. “Então, essas relações – que são muito subjetivas -, acabam podendo trazer problemas, tanto para empresa como para a família – e costumam trazer”.
Para o especialista, algumas famílias cearenses, principalmente as maiores e mais tradicionais, já foram buscar fora do Ceará – até pela falta, historicamente, no Estado – ter todo esse conhecimento, e até fornecedores de consultoria de escritório de advocacia de empresas financeiras que tivessem isso. “Mas hoje tudo isso pode ser encontrado aqui em Fortaleza, e no Ceará”, observa.
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