O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza, organização não-governamental, em parceria com 36 coletivos do Grande Bom Jardim, promove a 10ª Marcha da Periferia. A edição deste ano traz como tema: “Em 10 anos de Marcha, quem ouviu nosso soluçar de dor? Pela boniteza de nossas vidas, a favela não vai sucumbir” e tem como objetivo atingir os poderes públicos, o sistema de justiça e a sociedade, lutando por outro método de segurança pública que assegure o direito à vida e respeite os direitos humanos. A caminhada acontece neste sábado (24/11), na Praia de Iracema, a partir das 15h.
“A expectativa desses 10 anos de marcha é que agora o poder público e as autoridades não fechem os olhos para o que estamos levando para as ruas. Será entregue ao governador eleito Elmano de Freitas, do PT, uma carta cobrando as nossas demandas, colocar as nossas pautas em vigor porque muitas das vezes eles recebem a gente, escutam, mas não se comprometem”, desabafa a educadora social do CDVHS, Lany Maria.
>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<
No Ceará, 12 foi a média de adolescentes assassinados por semana em 2020. Isto representa 90,70% a mais se comparado com 2019, segundo dados do portal Cada Vida Importa. Entre 2020 e 2021, 268 pessoas morreram em ações policiais. As vítimas são, em sua maioria, pessoas negras. Neste ano, apenas no mês de junho, 22 pessoas morreram por intervenção policial no Ceará. Os dados são do Monitor da Violência e da Rede de Observatórios da Segurança.
De janeiro a 31 de outubro de 2022, foram registradas 129 mortes por intervenção policial no Estado, segundo dados do relatório do Comitê de Prevenção e Combate à Violência, publicação lançada nesta terça-feira (08/11), durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). No Brasil, entre 2013 e 2021, foram mais de 43 mil mortes por intervenção policial, uma média de 13 por dia. No Ceará, entre 2013 e 2020, foram registradas 950 mortes por intervenção policial.
Leia também | Sindieventos promove debate sobre inovação e geração de negócios no setor
O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) surgiu em 1994 como resultado de um processo de mobilização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Área Pastoral do Grande Bom Jardim. Nesse processo ocorreram distintas lutas comunitárias para minimizar ou suplantar graves problemas sociais que afligem as crianças, adolescentes, homens e mulheres habitantes dessa Região, composta por cinco bairros periféricos de Fortaleza. O CDVHS foi constituído juridicamente no dia 26 de março de 1994, com o apoio da Cáritas e do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos Arquidiocesana de Fortaleza, dos Missionários Combonianos do Nordeste, da União das Comunidades e da Área Pastoral do Bom Jardim.
A organização surgiu de processos reivindicatórios locais que advinham desde os anos 80 do século XX, que exigiam moradia, transporte, escola, saúde, saneamento básico e emprego e renda para as populações empobrecidas na periferia de uma grande cidade. A identidade do CDVHS está intimamente ligada ao empoderamento dos setores populares no sentido de incorporá-los no processo de organização, mobilização e negociação de políticas públicas, em situações de participação política ativa, para denúncia e formulação de alternativas aos contextos de violação.
Ao longo de sua trajetória, o CDVHS atuou na defesa do acesso à educação para crianças e adolescentes, em estratégias de desenvolvimento e enfrentamento à pobreza, na articulação comunitária e na participação para o direito à cidade e pela moradia digna, na educação em direitos humanos para afirmação da democrática e dos sujeitos sociais e políticos da periferia, na mobilização e pelo engajamento de adolescentes e jovens, como também na observação e monitoramento de políticas de públicas, a exemplo da segurança pública, moradia, educação e meio ambiente.
10ª Marcha da Periferia
Data: 26/11 – sábado
Horário: a partir das 15h
Local: Praia de Iracema
Leia também | Uso de máscara volta a ser obrigatório no transporte público de SP