A Ucrânia admite abandonar a intenção de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para evitar confronto militar com a Rússia. A declaração foi dada, nesta segunda-feira (14/02), pelo embaixador ucraniano no Reino Unido, Vadym Prystaiko, em entrevista à BBC de Londres.
O embaixador afirmou que seu país seria “flexível” quanto ao objetivo de ingressar na Aliança Atlântica, acrescentando que a Ucrânia é um país “responsável”, após o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçar entrar em conflito armado.
“Podemos (não aderir), especialmente se ameaçados assim, intimidados assim”, respondeu Prystaiko à pergunta se Kiev mudaria a posição de integrar a Otan.
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A Ucrânia manifestou interesse em entrar na organização militar ocidental, o que desagradou o Kremlin e fez Moscou aumentar, desde novembro passado, a presença militar próxima à fronteira com a Ucrânia. Mais de 100 mil soldados para região, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, em virtude de uma possível invasão da ex-república soviética.
Em dezembro, a Rússia exigiu garantias de segurança obrigatórias dos Estados Unidos e da Otan para impedir que a Aliança Atlântica se expandisse mais para o leste e implantasse armas ofensivas perto de suas fronteiras.
Moscou escreveu recentemente carta a todos os países-membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce), pedindo que se posicionassem sobre o que entendem por segurança indivisível na Europa.
Apesar dos esforços diplomáticos, a escalada militar continuou aumentando a tensão entre a Rússia e os países do Ocidente.
A Rússia alega que tem o direito soberano de estacionar tropas em qualquer lugar de seu território e, por sua vez, denuncia o fornecimento massivo de armas à Ucrânia pelo Ocidente.
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Nesta segunda-feira (14/02), o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, anunciou que pediu encontro com as autoridades russas e europeias, no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce), para ocorrer no prazo máximo de dois dias. O chanceler disse que Moscou tem ignorado os pedidos formais de esclarecimentos sobre as tropas russas na fronteira. A Rússia já deu indicações de que deverá ignorar mais esse pedido.
“Se a Rússia está falando sério quando menciona a indivisibilidade da segurança no espaço da Osce, deve cumprir compromisso com a transparência militar para diminuir as tensões e aumentar a segurança de todos”, afirmou o chanceler ucraniano.
De acordo com a agência RIA, que cita o diplomata russo Konstantin Gavrolov, a Rússia não vai participar do encontro da Osce, agendado para esta segunda-feira a pedido dos Países Bálticos, o que indica posição semelhante do Kremlin em relação ao pedido de Kiev.
O fim de semana ficou também marcado pelos esforços diplomáticos, com a conversa telefônica entre os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos EUA, Joe Biden. No dia anterior, Biden e Vladimir Putin falaram por telefone durante uma hora.
Há uma semana, foi a vez do presidente francês, Emmanuel Macron, viajar até Moscou para se reunir com o presidente russo. Nesta terça-feira (15), o chanceler alemão, Olaf Scholz, se deslocará à capital russa para encontro com Vladimir Putin. Antes, porém, passa por Kiev, para discutir a situação com o presidente ucraniano.
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