O que seria uma sessão tranquila, com o pregão funcionando em horário reduzido nos Estados Unidos após as Bolsas terem fechado na véspera do feriado de Ação de Graças, se transformou numa sexta-feira (26/11), data da Black Friday, conturbada e com perdas consideráveis com perdas em vários segmentos e commodities em todo o mundo. Tudo em função das notícias sobre a variante Ômicron, a nova cepa do coronavírus, que foi colocada em nível de “preocupação” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), muito embora ainda não se saiba se a mutação do vírus é de fato resistente às vacinas ou qual nível de letalidade.
O fato é que o mercado não espera confirmações para reagir. E as Bolsas caíram em todo o mundo!
No Brasil, o índice do Ibovespa fechou com forte queda (-3.39%) e 102.224 pontos. Os papéis das companhias aéreas tiveram as maiores perdas em função do risco de fechamento de fronteiras e cancelamento de voos em todo o mundo. As ações da Azul (AZULL4) tiveram queda de dois dígitos (-14,18%), sendo vendida no final do pregão a R$ 23,30. A GOL (GOLL4), também teve redução no valor negociado no patamar de dois dígitos (-11,81%), com valor final de R$ 15,08.
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Para o sócio da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini, o mercado entrou em um movimento irracional de manada. “A gente ainda não sabe quais são os problemas dessa variante e pode ser que a vacina funcione, e nada muda. Nesse primeiro momento, como você tem falta de informações, o mercado tende a ser um pouco irracional e a derreter preços de alguns ativos que não deveriam derreter tanto assim”, afirma Franchini.
Irracional também foi o termo utilizado pelo JP Morgan em relatório distribuído aos seus clientes para classificar a reação dos mercados hoje. Os analistas do banco acreditam que a prontidão de resposta à covid-19 está em um patamar bem diferente do de um ano atrás, e que não é possível ignorar os avanços de esforços globais para controle da pandemia, como vacinação ampla e a descoberta de antivirais orais.
Em relatório divulgado mais cedo, analistas do Itaú BBA disseram que a reação do mercado à nova variante da Covid provavelmente foi “exacerbada” por liquidez baixa na sessão de hoje.
“Acreditamos que ainda é muito cedo para assumir que uma nova variante vá causar um grande impacto na economia global”, afirmaram. Para eles, a nova cepa descoberta na África do Sul não deve mudar os planos do Banco Central dos EUA (Federal Reserve) de acelerar a redução de estímulos em dezembro. Porém, o BBA que a perspectiva de um tapering ainda mais acelerado entrou em modo de espera por enquanto.
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Para outros analistas, contudo, a reação de hoje dos mercados foi natural. “Já havia um movimento de lockdowns na Europa, que certamente aumentou o receio do mercado com relação a um potencial de novas restrições, esfriamento da economia e até uma recessão. Essa é a tese que o mercado está comprando”, afirmou Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap.
Juan Espinhel, especialista em investimentos da consultoria Ivest, diz que o mundo já vinha avesso ao tema da pandemia e como a economia global ainda está sensível, qualquer possibilidade de movimento de lockdown poderia gerar um movimento como o visto hoje.
“Ainda não nos recuperamos das primeiras ondas pandemia em termos econômicos. Estávamos começando agora a tirar alguns estímulos nos Estados Unidos, na Europa, com os Bancos Centrais no mundo inteiro tentando acertar as contas. O temor do mercado vem disso”, explica Espinhel. Para ele não foi um movimento irracional, mas sim de incerteza.
Exagerado ou não, o comportamento do mercado deve responder às próximas informações a respeito da nova variante e como os países vão se comportar. Por enquanto, a impressão que se tem, com diversos países restringindo voos da África e de nações onde casos da Omicron foram confirmados, é que pode haver retrocessos na retomada pós-pandêmica que se desenhava.
Com informações do site InfoMoney
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