Um investimento superior a R$ 67 milhões em conectividade será responsável, em pouco tempo, por uma transformação digital no Ceará. O Programa Ceará Conectado, executado pela Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), por meio da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), vai conectar com fibra óptica todos os 184 municípios do Ceará, promovendo uma democratização do acesso à internet com a oferta de serviço gratuito, via Wi-Fi, em praça pública. A ação também deve conectar equipamentos e serviços públicos, beneficiando toda a população cearense com a melhoria na prestação dos serviços públicos e gerando mais competitividade no Estado.
“Nós estamos transformando a rede pública de fibra óptica do Ceará na maior do Brasil”, é o que afirma o titular da Seplag, Mauro Benevides Filho, ao explicar a importância do Programa Ceará Conectado.
“Vai ter Wi-Fi grátis, com velocidade sem limites, porque é fibra óptica. O que o aparelho suportar é o que vai ser oferecido. A fibra óptica dá essa capacidade de velocidade ilimitada. Com isso, vamos poder conectar escolas e postos de saúde. Boa parte das escolas hoje tem internet via rádio. Com a fibra óptica, vamos dar mais eficiência aos estudos e pesquisas”, explica Mauro.
Mauro Benevides Filho, secretário da Seplag | Foto: Carlos Gibaja/Governo CE
Para garantir essa conectividade, a infraestrutura do Cinturão Digital do Ceará (CDC), rede pública de internet do Estado do Ceará, criada em 2007, será ampliada em cerca de 60%, chegando a 7.046 km. “Nós vamos, em um prazo máximo de até março do próximo ano, levar internet para 111 municípios, porque hoje já temos em 73 cidades”, garante o titular da Seplag.
A expansão da rede de fibra óptica é coordenada pela Etice, responsável pelo Cinturão Digital. De acordo com o presidente da empresa, Lassance de Castro, a estratégia será contemplada pela infraestrutura dos 16 cabos submarinos que chegam a Fortaleza e data centers localizados no Estado. Segundo ele, Fortaleza é uma das três cidades com mais cabos submarinos de fibra óptica do mundo. Os cabos ligam Fortaleza a Colômbia, Venezuela, Ilhas das Bermudas, Estados Unidos, Camarões, Portugal, Espanha, Senegal, Cabo Verde, Argentina, Guiana Francesa, entre outros.
A expectativa é que mais dois cabos submarinos sejam ancorados na Capital ainda este ano, totalizando 18.
Os mais recentes cabos submarinos a entrar em operação comercial – em junho de 2021 –, a partir de Fortaleza, foram os da empresa portuguesa EllaLink. São dois novos cabos que conectam o Brasil, a partir de Fortaleza, a Sines, em Portugal, operando com capacidade de 100 terabits por segundo. A estrutura é a primeira a ligar diretamente o Brasil ao continente europeu, sem depender de conexão via Estados Unidos.
“O Ceará Conectado vai estar ligado também ao Norte e Nordeste brasileiro, via nosso Cinturão Digital, e agora, com a chegada dos cabos da EllaLink, ligando o Brasil a Europa diretamente, isso vai facilitar o nosso transporte de informação que antes passava pelos Estados Unidos, e agora vai direito para a Europa. Nós vamos ganhar 50% em média de tempo que demorava para ser feita essa conexão, embora essa conexão já fosse rápida. O Ceará Conectado vai conectar, também, todos municípios cearenses, via EllaLink, diretamente com a Europa”, ressaltou Lassance de Castro.
Segundo ele, a localização estratégica da Capital, aliada ao potencial de conexão presente no Ceará, deve criar oportunidades e atrair novos negócios para o estado. “Muitas empresas e data centers vão estar em Fortaleza para terem conectividade direta com os cabos da EllaLink, que liga Fortaleza a Sines, em Portugal, para que haja oferta de produtos significativos e a gente tenha uma comunicação mais veloz. Instituições financeiras, de pesquisa e de saúde também serão beneficiadas”, pontua.
O sócio-fundador da Nucleus, empresa cearense de tecnologia, há cinco anos no mercado, Eduardo Castro, fala em como a infraestrutura das empresas pode melhorar com o avanço da conectividade do Estado. “A gente depende de servidores que, muitas vezes, ficam alocados fora do país e também têm estruturas que a gente monta na própria empresa. E como tudo hoje é conectado, se a gente realmente não tiver uma infraestrutura decente ou minimamente viável, muitas das aplicações acabam não conseguindo rodar ou ser efetivas. E uma conexão dessas, de fibra, tanto reduz o tempo de resposta quanto diminui esse delay. A gente passa a ter a resposta mais rápida dos serviços. Então, pelo fato de tudo ser conectado e precisar estar conectado na internet, com as aplicações em nuvem, acaba exigindo mais de uma boa conectividade”, explica Castro, que desenvolve soluções digitais personalizadas (web site, aplicativos e softwares) para clientes do Brasil e de Portugal.
Para o titular da Seplag, a competitividade no setor de provedores de internet é outro benefício que pode ser obtido a partir dessa infraestrutura. “Nós vamos ter condições de os provedores do Ceará aproveitarem essa velocidade. E o bom disso é dar uma maior competitividade na prestação desse serviço. Com mais cabos concorrendo, podemos ter concorrência de preço”, aponta Mauro Filho.
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