O que estava ruim, ficou ainda pior! A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre burlar teto de gastos para bancar novo benefício do Governo Federal, o Auxílio Brasil, que deve substituir o Bolsa Família, gerou uma enorme instabilidade no mercado financeiro. A Bolsa de Valores chegou a cair mais de 4%, nesta quinta-feira (21/10), e o dólar disparou para R$ 5,67, após o anúncio de que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) acertou uma mudança no teto de gastos para abrir um espaço de R$ 83,6 bilhões para despesas adicionais em 2022, ano em que o presidente da República buscará sua reeleição.
A forte queda da Bolsa de Valores e a disparada da cotação do dólar sinalizam uma reação negativa dos agentes de mercado à fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a necessidade de uma “licença para gastar” fora do teto de gastos para bancar o assistencialismo. O temor de investidores é que a manobra no teto abra caminho para o descontrole das contas públicas.
No fim do pregão, Por volta das 16h, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, operava em baixa de 2,99%, atingindo 107.478,35 pontos. O dólar comercial continuava na tendência de alta, negociado a R$ 5,669 na venda, com elevação de 1,95%.
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O mercado já operava no negativo desde o começo do dia, mas os indicadores pioraram depois que saíram notícias sobre o acordo fechado entre as alas política e econômica do governo. Após dias de embates, a equipe econômica do governo Bolsonaro anunciou o pagamento de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil. Antes, o mercado já reagia mal às declarações dadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta-feira (20/10) que falou em “licença para gastar R$ 30 bilhões fora do teto” para bancar o benefício de R$ 400, em 2022.
O Auxílio Brasil, desenhado para substituir o Bolsa Família e compensar o fim do auxílio emergencial adotado na pandemia de covid-19, é uma promessa antiga do presidente Jair Bolsonaro, que aposta na ampliação de benefícios sociais para se reeleger em 2022. O problema é que o novo benefício esbarra na lei do teto de gastos, criada no governo Michel Temer, para congelar os gastos públicos. Por ser uma regra constitucional, a mudança precisa ser aprovada por meio de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), que está em tramitação na Câmara e deve mudar também as regras para o pagamento dos precatórios.
Apesar de estar no discurso do governo desde junho de 2020, o programa Auxílio Brasil ainda não saiu do papel porque o Executivo ainda não conseguiu encaixar o benefício no Orçamento. A fala de Guedes revelou que a possibilidade de desrespeitar o teto tem ganhado força inclusive na equipe econômica.
Na quarta-feira (20/10), o governo chegou a anunciar o pagamento das parcelas mensais de R$ 400 para 17 milhões de pessoas. Mas não indicou de onde saíra o dinheiro para bancar o reajuste do Bolsa Família, cujo benefício médio está em R$ 192. Ou seja, mesmo com o anúncio oficial, as dúvidas em torno do Auxílio Brasil continuam maiores do que as certezas. E milhões de brasileiros que recebem o auxílio emergencial – que acaba em 31 de outubro – ainda não sabem se vão ter ajuda do governo a partir de novembro, nem o valor do auxílio.
O cenário é de insegurança em meio à aceleração da inflação, ao desemprego alto e aos relatos de fome e miséria cada vez mais frequentes.
Com informações dos sites Uol e Nexo
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