O governador Camilo Santana visitou, nesta sexta-feira (17/9), a estação de ancoragem de cabos submarinos de fibra óptica da empresa portuguesa EllaLink, localizada na Praia do Futuro, em Fortaleza. Camilo estava acompanhado dos secretários Maia Júnior, do Desenvolvimento Econômico e Trabalho; e Inácio Arruda, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, além do diretor da EllaLink no Brasil, Rafael Lozano.
O cabo submarino da EllaLink é o 16º ancorado no Ceará e o primeiro de alta capacidade que conecta diretamente o Brasil, a partir de Fortaleza, e Europa, com ponto em Sines, Portugal. Ao todo são 6 mil km de cabos sob as águas do oceano e há extensões nos dois lados do Atlântico. No lado brasileiro, o Estação do Cabo de Longa Distância (Cable Landing Station – CLS) da Ellalink se conecta com São Paulo e Rio de Janeiro. No lado europeu, a conexão direta se estende de Sines a Lisboa (Portugal), Madri (Espanha) e Marselha (França). A operação comercial do novo cabo teve início no mês de junho de 2021 e beneficia negócios digitais, serviços em nuvem, bancos eletrônicos, jogos online e mídia de entretenimento entre América do Sul e Europa.
Na visita, o governador conheceu toda a infraestrutura tecnológica de suporte da CLS da EllaLink para monitorar o tráfego de dados. “Vai significar um avanço importantíssimo, principalmente nessa época em que a pandemia acelerou o processo de conectividade do mundo. São 6 mil km de cabo, investimento de R$ 1 bilhão que a empresa fez no Ceará. O Ceará hoje já é, juntamente com Rio de Janeiro e São Paulo, um dos três pontos com maior conectividade do País. E nós somos o segundo maior ponto do planeta em termos de recebimento de cabos de fibra óptica submarinos”, afirmou Camilo Santana, anunciando que mais dois cabos estão previstos até 2022, totalizando 18 cabos.
O governador cearense lembrou que, depois da chegada do cabo da EllaLink, o governo agora negocia com a Amazon a criação de um Data Center na capital cearense. “Não queremos ser apenas receptores e transmissores de grande quantidade de dados, queremos que as grandes empresas de tecnologia e de informação estejam presentes aqui no Ceará e, para isso, precisamos investir em capacitação de profissionais de TI”, ressaltou.
Rafael Lozano, diretor da Ellalink no Brasil, explica que o cabo, que tem consistência semelhante ao fio de cabelo humano e opera com capacidade de 100 terabits por segundo, diminui em até 50% o tempo de resposta na transmissão de dados (latência), entre os continentes, em relação à conexão via Estados Unidos. Até junho, quando entrou em operação, todas as conexões de cabos submarino de fibra óptica de última geração entre os dois continentes passavam obrigatoriamente pelos Estados Unidos.
“É uma imensa alegria para nós, da EllaLink, disponibilizar essa conexão direta do Brasil com a Europa, sem depender dos Estados Unidos, unindo duas culturas muito próximas, como a brasileira e a portuguesa, e também a da América Latina com a da Espanha. Neste momento muito crítico nas comunicações mundiais, essa nova ‘rodovia digital’ vai permitir às instituições científicas, que ajudam a desenvolver coisas tão reais como uma vacina, melhorar a comunicação, ajudando no futuro a desenvolver esses dois continentes, sobretudo a América Latina e o Brasil. A gente vai melhorar e ajudar que o 5g seja uma realidade”, destacou Lozano.
Segundo Camilo Santana, o Ceará tem potencial para ser não somente um local de ancoragem para os cabos, mas tornar-se um centro de tecnologia e inovação. “A gente tem incentivado e estimulado para que as empresas de data centers e grandes players mundiais se instalem no Ceará, e saiam dessa concentração que existe no Sudeste brasileiro. Nós estamos defendendo isso. Com a Angola Cables, inauguramos aquele grande data center. Esse data center que visitamos hoje é um dos maiores do Brasil, que recebe cinco cabos com esse da EllaLink. A maior quantidade de data centers do Norte e Nordeste brasileiro está em Fortaleza, no Ceará”.
Para Maia Júnior, essa maior capacidade de armazenamento e transferência de dados oportunizada pelo cabo EllaLink alia-se a outras iniciativas para transformar o Ceará em hub tecnológico. “Hoje temos uma condição privilegiada para dar prosseguimento à estruturação do hub tecnológico que o governador lançou, não só com a vinda da Amazon, como a de outros parceiros. No nordeste do Brasil não tem uma infraestrutura como essa que o governador, junto com a EllaLink, está presenteando a nós cearenses. É colocar o Ceará na nova onda da conectividade. São facilidades que também ajudarão a atrair outras empresas”.
Nesse sentido, o Governo do Ceará continua expandindo o Cinturão Digital, que foi lançado em 2007 e atualmente é a maior rede pública de internet do Brasil. O Cinturão Digital assegura internet de alta qualidade a todos os órgãos públicos do poder executivo estadual. A estrutura também viabiliza a implantação e expansão de projetos tecnológicos em diversas áreas, como educação, saúde, segurança pública — com destaque para o videomonitoramento — , fazendária, entre outras.
Outra iniciativa é o Ceará Conectado, programa que conectará com fibra óptica os 184 municípios cearenses, via wi-fi gratuito em praça pública. Com investimento de mais de R $67 milhões, a iniciativa vai promover inclusão social e digital da população de baixa renda, oferecendo acesso à informação, conhecimento e oportunidades presentes nas plataformas digitais.
Todas essas estratégias dialogam com o investimento do Estado em educação básica e ensino superior, contribuindo para formar profissionais para a área de Tecnologia da Informação e Comunicação.
“Isso abre uma oportunidade para gente poder capacitar e formar profissionais nessa área no Ceará. Isso está sendo construído com nossos Centros de Inovação Tecnológica, Universidades e Escolas Profissionalizantes”, garantiu Camilo Santana.
A Estação do Cabo de Longa Distância (CLS) da EllaLink está abrigada nas instalações da Telxius, empresa parceira que também monitora outros cabos submarinos que saem de Fortaleza.
Um dos beneficiários do novo cabo é o Consórcio BELLA (Building the Europe Link to Latin America), formado por comunidades de pesquisa e educação europeias e latino-americanas, que necessitavam de uma rede de fibra óptica que suporte a transmissão de grande quantidade de dados com baixa latência para trocar informações e estudos sobre vários temas, como o das mudanças climáticas.
Cliente-âncora da Ellalink, o BELLA é formado pelas redes acadêmicas da Europa (Géant) e da América Latina (RedCLARA). A nova rota do cabo EllaLink será fundamental para a comunidade científica dos dois continentes. Vários trabalhos científicos de peso terão seus dados e resultados compartilhados em tempo real pelo BELLA, com a ajuda do cabo EllaLink. Um deles é o Copernicus, Programa de Observação da Terra da União Europeia que monitora em tempo real efeitos das mudanças climáticas.
O cabo EllaLink também vai facilitar acesso a informações dos projetos de física de altas energias envolvendo o Grande Colisor de Hádrons (LHC), o acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), e os dados fornecidos pelo telescópios ópticos e de rádio da European Southern Observatory (ESO), no Chile, entre eles do telescópio Cherenkov Telescope Array (CTA).
EllaLink é uma plataforma óptica avançada que oferece conectividade segura de alta capacidade em uma rota transatlântica de baixa latência exclusiva. A tecnologia atende às necessidades crescentes dos mercados latino-americano e europeu. A rede vai conectar diretamente os principais hubs do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza) e da Europa (Lisboa, Madri e Marselha). A arquitetura do sistema EllaLink engloba tecnologia de última geração e oferece inicialmente 100 Tbps de capacidade em quatro pares de fibras diretas entre a Europa e o Brasil. Os locais de desembarque da plataforma são Fortaleza (Brasil) e Sines (Portugal) e a entrada em operação será no segundo trimestre de 2021.
EllaLink é uma empresa privada e independente comprometida em fornecer produtos e serviços em uma operadora neutra e de acesso aberto. Marguerite II, um fundo de ações europeu que atua nos setores de energias renováveis, energia, transportes e infraestrutura digital, é o principal acionista da EllaLink. Para mais informações, visite o site da empresa.
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