O jornalismo surgiu no mundo por volta do século XVII com o advento da invenção de Gutenberg. Veio, então, a imprensa, que culminou com o aparecimento dos primeiros periódicos, hoje conhecidos como jornais. No Brasil, o jornalismo chegou apenas no século XIX, de forma lenta e satisfatória, mas que, até hoje, guarda suas precariedades.
A imprensa exerce um relevante papel que vai além da simples tarefa de informar. Leva notícias sobre cuidados com a saúde, política, acontecimentos no país ou no mundo, tudo enfim que esteja disponível no cotidiano. Assim, falar para milhões de pessoas, a todo momento, de forma escrita ou verbal, tem sempre o seu valor, mas é sobre a comunicação verbal que queremos nos ater aqui.
Muitas vezes ouvimos, nos telejornais, palavras ditas de forma equivocada ou frases com acachapantes erros de concordância. É preciso sempre lembrar que, naquele exato momento, milhares de pessoas irão ouvir com atenção aquelas frases ou palavras e, possivelmente, estarão repetindo e levando-as adiante, julgando-as corretas. Não se pode nem se deve cometer deslizes que permitam a sua divulgação por quem quer que seja.
Um órgão de comunicação tem, por obrigação, ter sempre à sua disposição um revisor, pois não é obrigatório ter um revisor de textos escritos? E por que não também um revisor de textos falados, orais?
Abrimos aqui um parêntese para lembrar que os apresentadores de TV normalmente têm a sua frente o teleprompter, que, supomos, tenha sido escrito e revisado por alguém. Ou não? Então não haveria motivo para falar em desacordo com a norma padrão.
As revisões de língua portuguesa tornam-se mais difíceis já que as informações são publicadas com mais velocidade
Dulce de Almeida Torres
Mais um parêntese para uma ressalva que, certamente, não servirá como justificativa para as falhas apontadas, mas que poderá amenizar os problemas com a norma padrão da língua, pois é preciso lembrar que, atualmente, as revisões de língua portuguesa tornam-se mais difíceis já que as informações são publicadas com mais velocidade. Muitas vezes, o jornal dá a notícia no momento exato ou instantes após a ocorrência do fato. Assim, os dados são menos depurados e a linguagem menos trabalhada.
Levando em consideração todos os comentários e críticas aqui colocados, feitos com a melhor das intenções, acredito que todos nós, professores e jornalistas, podemos crescer juntos para compreender e engrandecer nosso idioma. Os cuidados serão sempre muito bem-vindos em todas as instâncias, pois se trata de uma língua difícil até para nós que crescemos falando o português e que vamos aprendendo suas nuances, aos trancos e barrancos, pelas interferências constantes de nossos pais desde a mais tenra idade e, mais tarde, pelo auxílio luxuoso de dedicados professores.
Enfim, é sempre bom lembrar que toda língua é dinâmica e que estabelece relações com as características culturais, sociais e históricas de um tempo. Assim acontece, também, com a nossa língua portuguesa.
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Por Dulce de Almeida Torres. Graduada em letras inglês, mestre em ciências da educação e professora da área de linguagens e sociedade da Escola Superior de Educação, do Centro Universitário Internacional (Uninter)
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