Reportagem em atualização
Subiu para 16 o número de mortos em novo ataque feito por homens-bomba a uma mesquita xiita na cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão. Mais cedo, um médico que trabalha num hospital em Kandahar, havia informado à AFP que sete pessoas já sem vida e 13 feridas após foram levadas ao hospital da cidade após as explosões ocorridas, nesta sexta-feira (15/10).
“Até o momento foram transportados para nosso hospital sete mortos e 13 feridos”, afirmou o médico do hospital central de Kandahar.
Autoridades locais tratam o caso como um ataque e informaram que a mesquita era ocupada por muçulmanos da minoria “xiita”, que faziam as tradicionais orações de sexta-feira, quando se ouviu a primeira explosão.
Uma testemunha disse à agência de notícias AFP ter ouvido três explosões, uma na porta principal da mesquita, outra numa área ao sul, e uma terceira no local onde os fiéis se lavam.
Outra testemunha ouvida pela agência Associated Press afirmou que quatro homens-bomba atacaram a mesquita, chamada Imam Bargah. Dois teriam detonado seus explosivos num portão de segurança, permitindo que outros dois corressem para dentro e atingissem fiéis.
Fotos postadas por jornalistas nas redes sociais mostram muitas pessoas aparentemente mortas ou feridas no chão da mesquita.
Forças especiais do Talibã, que assumiu o poder no país em agosto, se dirigiram para a mesquita para garantir a segurança no local e emitiram um apelo para que moradores doem sangue para as vítimas.
Por enquanto, nenhum grupo reivindicou a autoria das explosões. Mas o fato de terem ocorrido tão pouco tempo depois do recente ataque em Kunduz evidencia a crescente incerteza quanto à segurança no Afeganistão, com o “Estado Islâmico” tendo intensificado suas operações no país após a tomada do poder pelo Talibã.
Desde que o Talibã assumiu o controle do país, no mês de agosto de 2021, os casos de violência tem aumentado no Afeganistão, com ataques constantes do grupo extremista Estado Islâmico.
Há exatamente uma semana, no dia 8 de outubro, também sexta-feira, um outro ataque a uma mesquita de muçulmanos xiitas deixou mais de 40 mortos e mais de feridos. Esse ataque ocorreu a 20 km da capital, Cabul. Horas depois, o grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI) assumiu a autoria do atentado.
Dezenas de fiéis estavam reunidos no local para as orações do meio-dia de sexta-feira, dia sagrado dos muçulmanos. Foi o maior atentado no país desde que o Talibã assumiu o poder.
“Eu vi pelo menos 40 corpos”, disse Zalmai Alokzai, um comerciante local que imediatamente foi ao hospital para doar sangue às vítimas. “As ambulâncias iam e vinham, transportando os corpos.”
“Foi assustador. Alguns vizinhos morreram ou ficaram feridos. Um vizinho de 16 anos faleceu, só conseguimos encontrar metade de seu corpo”, disse um professor que mora perto da mesquita.
O Talibã ainda não forneceu um número oficial de mortos e feridos. “Até agora recebemos 35 corpos e mais de 50 feridos”, disse à AFP um médico do hospital central de Kunduz, pedindo anonimato.
Pelo menos 20 mortos e 90 feridos foram levados a um hospital operado pela organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), informou um porta-voz da entidade.
Cinco dias antes, o “Estado Islâmico” assumiu a autoria do ataque a uma mesquita da capital Cabul, que deixou cinco mortos. O atentando ocorreu durante a cerimônia fúnebre da mãe de Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã. Apesar de ambos serem sunitas, o “Estado Islâmico”e o Talibã são inimigos.
No Afeganistão, os xiitas, que representam 20% da população, são frequentemente alvo de ataques, perpetrados na maioria dos casos pelo braço local do grupo jihadista “Estado Islâmico-Khorasan”.
Essa vertente do EI assumiu a responsabilidade por alguns dos ataques mais sangrentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão, especialmente atentados suicidas a mesquitas, hospitais e outros locais públicos. O grupo tem como alvo os muçulmanos que considera hereges, como os xiitas do grupo étnico hazara.
Em agosto de 2019, o “Estado Islâmico-Khorasan” assumiu a responsabilidade por um ataque a xiitas durante um casamento em Cabul, que matou 91. Em maio de 2020, o grupo atacou uma maternidade de um bairro de maioria xiita na capital afegã, matando 25, inclusive mães e recém-nascidos.
Com informações das agências AFP, EFE, ots