Para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realiza o Seminário Direitos Humanos, Memória e Verdade – Caso Herzog – Impacto no contexto Democrático Atual. O evento presencial será nesta sexta-feira (10/12), das 15h às 17h, na Sede da OAB-CE e seguirá todos os protocolos sanitários de acordo com o decreto estadual vigente.
Durante o seminário, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da OAB Ceará, Ivo Herzog proferirá palestra na qual fará uma retrospectiva histórica, mostrando o contexto atual da nossa Democracia. “Dentro deste processo, irei mostrar qual tem sido a colaboração do Instituto Vladimir Herzog na defesa da democracia no Brasil”, disse.
Durante o seminário, serão lançados dois livros: “Dossiê Herzog – prisão, tortura e morte no Brasil” e “As Heroínas Desta História”.
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Hélio Leitão, nestes tempos de negacionismo histórico, a OAB Ceará cumpre um papel importante de manter viva a memória dos crimes e horrores da ditadura. “O assassinato do jornalista Vladimir Herzog é um marco cruel e doloroso da luta contra o arbítrio no país. Não esqueçamos. Ditadura nunca mais”, conclamou.
Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Ceará, Leila Paiva, o momento do Brasil impõe lembrar tudo que aconteceu no período de 1964 a 1985. “Fazer memória das atrocidades cometidas é papel de toda a sociedade para que defendamos com veemência as garantias democráticas tão arduamente conquistadas. A OAB sempre foi determinante nesse processo e no dia internacional dos direitos humanos faz seu papel e traz para debater a luta de Vladimir Herzog, que representa muito bem todo o período de ditadura militar que vivemos”, afirmou.
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Dossiê Herzog
Esta é uma tragédia dilacerante, e conhecê-la em seus detalhes é essencial. A morte de Vladimir Herzog marcou a História do Brasil. A dor dos Herzog virou a dor coletiva do país que vivia a rotina das torturas e mortes dos opositores à ditadura militar. A partir dela, a resistência ganhou forças. O Dossiê Herzog é o relato vivo, forte e intenso do jornalista Fernando Pacheco Jordão, amigo de Herzog. Ele viu, viveu, testemunhou. E aqui leva o leitor para dentro dos eventos daqueles dias terríveis. Quem ler verá a emocionante força de Clarice, a reação dos jornalistas, o sindicato como trincheira, o acolhimento dos líderes religiosos, a luta contra a mentira, a dramática história do menino que foge do nazismo e é assassinado aos 38 anos num quartel do Exército brasileiro. O livro ganha agora nova edição porque, mais do que nunca, sua leitura é necessária. O Brasil volta a ser assombrado por velhos fantasmas e pelas mesmas mentiras. Este dossiê nos lembra do alto preço pago pela democracia.
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As Heroínas desta História
Este livro dá voz a mulheres silenciadas há muitos anos. Mulheres que fazem parte da história brasileira, mas cujas trajetórias permanecem tão pouco conhecidas quanto o período no qual seus caminhos, embora distintos, se cruzam: a ditadura civil-militar.
Se ainda resta muito a esclarecer sobre as violências cometidas pelo Estado brasileiro durante o regime militar, muito mais falta revelar sobre as mulheres que estavam ao lado daqueles que tombaram. São mães, irmãs e esposas de pessoas que se posicionaram contra o autoritarismo de diferentes maneiras e que por isso foram perseguidas, torturadas e assassinadas. Mulheres que não se calaram, nem durante a ditadura nem em tempos ditos democráticos.
Suas perguntas ecoam até hoje, apesar dos avanços conquistados ao longo de décadas. Muitas não sabem sequer para onde foram levados seus entes queridos, nem como, nem quando, nem por quem. Desde então, têm desvelado a verdade, disseminado memórias e lutado por justiça. Aquela sem a qual não há reconciliação possível, nem chances de um futuro sem desmandos. Aquela cuja ausência é uma sentença de impunidade permanente.
É chegada a hora de conhecê-las. Saber de sua história e de sua resistência cotidiana. Acessar a força por trás dos pequenos grandes gestos. A resistência dos tribunais e das cortes e também a resistência silenciosa, que se faz nos detalhes. E de vê-las através das lentes de outras mulheres, num diálogo entre gerações tão potente quanto delicado.
Este livro não é apenas uma homenagem a elas, nem somente uma reparação devida às famílias. Tampouco é só para os que viveram esses anos difíceis. Ao preencher um vazio inconteste, esta obra se destina a todos nós que merecemos e devemos conhecer nosso passado, a fim de identificar as repetições que conduzem a um desfecho anunciado. Para todos os que acreditam num mundo menos desigual e com justiça social.
Se nos emocionamos com os fatos contidos nessas linhas, é para mobilizar nossas águas e reencontrar nelas a força de vida. É para construir os pilares de uma democracia real, de todos, para todos. É para engrossar o coro da luta delas, que é a nossa. Se elas não desistiram, como poderíamos nós, afinal?
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