

Especialistas apontam avanço, mas ressaltam que efeitos plenos dependem da regulamentação e da queda da Selic | Foto: Pixabay
12 de outubro de 2025 — O governo federal anunciou uma nova política de crédito imobiliário voltada para famílias de classe média com renda a partir de R$ 12 mil mensais — grupo que não se enquadra no programa Minha Casa, Minha Vida. A medida amplia o acesso ao financiamento habitacional e busca destravar o mercado, mas seu impacto total ainda dependerá da regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e da queda dos juros no país, segundo especialistas.
A principal mudança é o aumento do teto do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Além disso, a Caixa Econômica Federal voltará a financiar até 80% do valor do imóvel, reduzindo a entrada exigida do comprador.
“O grande segredo dessa política é o retorno do financiamento de 80% e o aumento do teto. Isso reduz a necessidade de capital próprio e facilita a compra”, explicou Anderson Morais, diretor comercial da BRZ Empreendimentos.
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Outra mudança relevante é o teto de 12% ao ano para os juros. Hoje, as taxas variam entre 11,3% e 13,5% ao ano + TR, dependendo do banco. O limite tende a dar mais previsibilidade e evitar abusos nas cobranças.
“Como o recurso da poupança é mais barato, acreditamos que as taxas fiquem próximas desse teto, tornando o financiamento mais atrativo”, acrescentou Morais.
O governo também alterou as regras de uso da poupança, principal fonte de recursos do crédito imobiliário. Atualmente, 65% dos depósitos são obrigatoriamente direcionados à habitação e 20% ficam parados no Banco Central (compulsório).
Com a nova política, o compulsório será reduzido para 15%, liberando cerca de R$ 35 bilhões imediatos para financiamentos. Além disso, o BC permitirá que, a cada real emprestado para habitação, os bancos possam usar o mesmo valor da poupança livremente por cinco anos — medida que deve incentivar novas operações e aumentar a liquidez do sistema.
“O modelo destrava o crédito e incentiva os bancos a voltarem a emprestar. É um mecanismo de liquidez que traz fôlego à classe média”, explicou o especialista Daniel Claudino.
Antes da medida:
Agora:
Mesmo com os avanços, o mercado ainda enfrenta o desafio da Selic elevada e da redução dos depósitos em poupança. Em setembro, houve saques de R$ 15 bilhões — o maior volume para o mês — e o saldo líquido negativo acumulado no ano chega a R$ 78,5 bilhões.
“O fenômeno é claro: a poupança está deixando de existir, e o papel do governo é responder a essa nova realidade”, afirmou o ministro Jader Filho.
O empresário Rubens Menin, presidente da MRV, também destacou a importância de se discutir novas fontes de funding para o setor. “Precisamos de modelos sustentáveis de médio e longo prazo. Os juros altos drenam o mercado e tornam o crédito mais caro”, alertou.
Com a implementação prevista até 2027, o novo programa promete dar novo fôlego ao crédito imobiliário, ampliando o acesso à moradia para famílias de classe média e aquecendo o setor da construção civil.
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Tags: crédito imobiliário, classe média, financiamento habitacional, Caixa Econômica Federal, juros, habitação, governo federal, mercado imobiliário, Selic, poupança, MRV, BRZ Empreendimentos, Daniel Claudino, Jader Filho, Rubens Menin