

Festas juninas unem fé, cultura e tradição em todo o Brasil | Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr
15 de junho de 2025 — As tradicionais festas juninas brasileiras, celebradas em homenagem a Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo, têm origem na Europa católica e foram trazidas ao Brasil pelos portugueses durante o período colonial. Ao longo dos séculos, os festejos se enraizaram na cultura popular, tornando-se uma das maiores manifestações religiosas e culturais do país.
Com fogueiras, quermesses, quadrilhas, simpatias e comidas típicas, as festas juninas representam mais do que datas litúrgicas: são experiências coletivas de fé, memória e identidade cultural, segundo a teóloga Ana Beatriz Dias Pinto, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
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A tradição da fogueira de São João remonta a uma antiga simbologia cristã. De acordo com a professora, a fogueira surgiu de um pacto entre Isabel e Maria — mães de João Batista e Jesus — como sinal do nascimento do santo. “É uma luz que simboliza vida, alegria, esperança e purificação”, explica Ana Beatriz.
Pular a fogueira, segundo ela, também tem sentido espiritual: representa a queima de energias negativas e o desejo de renovação. “No Brasil, esse gesto se popularizou ao ponto de virar cantiga: Pula a fogueira, ioiô”.
O arraial junino representa uma miniatura da organização social católica: há uma igreja, um casamento, um padre e os padrinhos. Tudo em uma versão lúdica, colorida e afetiva, homenageando o povo do campo e sua contribuição com a alimentação dos centros urbanos.
A quadrilha, dança típica das festas, tem origem nas danças de salão francesas, mas ganhou novo significado nos arraiais brasileiros. Já o pau de sebo, outra brincadeira popular, pode ter múltiplas interpretações — do símbolo fálico à simples diversão. No topo, costuma haver um prêmio ou imagem de Santo Antônio.
A palavra quermesse vem do flamengo kerkmisse e originalmente era um evento beneficente. No Brasil, incorporou forró, bingo, barracas de comida e brincadeiras, sem perder seu caráter comunitário e devocional.
Coincidindo com o período de colheita de milho, amendoim, pinhão e uva, as festas juninas celebram com fartura: pamonha, canjica, bolo de milho, curau, pé-de-moleque, quentão e vinho quente são símbolos da fartura e da gratidão.
“Cada prato é uma espécie de Ação de Graças pela colheita”, afirma Ana Beatriz.
No mundo das redes sociais e da vida digital, a festa junina mantém sua força como ritual coletivo, memória afetiva e celebração da espiritualidade popular. Para a professora, as festas também sinalizam um momento de pausa, reflexão e renovação da fé na metade do ano.
“As festas juninas falam de pertencimento, esperança e gratidão. É um momento simbólico para agradecer e reacender a fé para o que ainda está por vir”, conclui.
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