É a 28ª semana seguida de aumento na projeção da inflação feita por analistas do mercado financeiro | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O mercado financeiro continua pessimista e elevou, pela 28ª semana seguida, a previsão de fechamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, em 2021. Os analistas subiram a projeção de 8,59% para 8,69%. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (18/10), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos.
A previsão para 2021 está 3,44 ponto percentual (p.p.) acima da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, aliás, quase o dobro do centro da meta estabelecida para 2021, que é de 3,75% . A meta foi definida pelo Conselho Monetário Nacional, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior de 5,25%. Para 2022 e 2023 as metas são 3,5% e 3,25%, respectivamente, com o mesmo intervalo de tolerância.
Para 2022, a estimativa de inflação teve o terceiro aumento seguido. Passou de 4,14% há duas semanas para 4,17% na semana passada e agora ficou em 4,18%. Para 2023 e 2024, não houve alteração. As previsões são de 3,25% e 3%, respectivamente.
Em setembro, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) teve aumento de 1,16%, 0,29 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de 0,87% registrada em agosto. Essa foi a maior variação para um mês de setembro desde 1994, quando o índice foi de 1,53%. No ano, o IPCA acumula alta de 6,90% e, nos últimos 12 meses, de 10,25%, acima dos 9,68% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2020, a variação mensal havia sido de 0,64%.
O gerente do IPCA/INPC do IBGE, Pedro Kislanov, apresenta os dados referentes ao aumento na taxa de inflação no Brasil, em 2021.
As instituições financeiras consultadas pelo BC reduziram a projeção para o crescimento da economia brasileira este ano de 5,04% para 5,01%. Para 2022, a expectativa para Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 1,5%. Em 2023 e 2024, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 2,1% e 2,5%, respectivamente.
A expectativa para a cotação do dólar se manteve em R$ 5,25 para o final deste ano. Para o fim de 2022, a previsão é de que a moeda americana fique nesse mesmo patamar.
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Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, que foi elevada neste mês de 5,25% ao ano para 6,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Ao anunciar a decisão, o Copom já sinalizou que pretende elevar a Selic em mais um ponto percentual na próxima reunião, marcada para o fim de outubro.
As projeções do BC para a inflação também estão ligeiramente acima da meta para 2022 e ao redor da meta para 2023. Isso reforça a decisão da autarquia de manter a política contracionista de elevação dos juros.
Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2021 em 8,25% ao ano, mesma projeção da semana passada. Para o fim de 2022, a estimativa é de que a taxa básica suba para 8,75% ao ano. E para 2023 e 2024, a previsão é de Selic em 6,5% ao ano.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a recuperação da economia. Além disso, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Com informações do BC e IBGE
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