Os alemães parecem ser os primeiros da fila a quererem se ver livres de combustíveis fósseis. Com as restrições energéticas agravadas pelo conflito entre Ucrânia e Rússia (os russos abastecem os alemães com gás e petróleo), a Alemanha acabou optando pela ampliação da queima do carvão mineral, o que gerou críticas mundiais e aumentou os debates sobre o processo de transição energética a partir de fontes sustentáveis, como a solar e o hidrogênio verde, ambos em franca expansão no Brasil, com destaque para o Ceará.
“Quando a gente olha a disponibilidade de recursos naturais, com fontes eólica, solar e hídrica, fica muito interessante o Brasil fornecer essa matéria prima para produção do hidrogênio verde com destino à Europa. Lembrando, porém, que tudo precisa se tornar economicamente viável”, explica Filipe Souza, Gerente de Geração e Desenvolvimento de Projetos da Kroma Energia, empresa pernambucana prestes a montar um complexo de usinas fotovoltaicas no município de Jaguaruana, interior do Ceará.
Nos últimos meses o cenário de produção de energia renovável no estado vem se consolidando sob interesse dos investimentos privados e da receptividade do poder público. Memorandos de entendimento para produção de energia sustentável, no Ceará, já ultrapassam o número de vinte, assinados entre o governo do estado e iniciativa privada, nacionais e estrangeiras.
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Recentemente, empresas alemãs se reuniram com o governador Elmano de Freitas. Ano passado, na COP-27, no Egito, foram os australianos que assinaram documento de intenções com a ex-governadora Izolda Cela. Ambos os países interessados na produção de hidrogênio verde.
Na posse como o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante disse que a instituição deve priorizar a transição energética e (re)industrialização descarbonizada: “Precisamos apoiar a transição justa para economia de baixo carbono”.
Possivelmente o mercado global caminha para ver o Ceará como grande player na corrida pela descarbonização, fornecendo energia limpa, com destaque para solar, segunda maior fonte da matriz energética brasileira, com 23,9GW (gigawatts), seis vez mais que há três anos, segundo Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Dos mercados global e local, empresas e governos aderem cada vez mais rápido ao processo de descarbonização. As áreas de comunicação, marketing e jurídica preparam as empresas para esta nova mentalidade corporativa.
“É fato que o mercado já vem se movimentando na direção de buscar soluções com baixa emissão de carbono, sendo o desenvolvimento do hidrogênio verde uma das principais. Além da importância significativa de preservação ao meio ambiente, adotar práticas sustentáveis pode trazer uma melhora na imagem de uma marca”, analisa Amanda Pontes Arraes, advogada e sócia do escritório jurídico RA&A.
Esta visão de melhoria contínua, cada vez mais disseminada no ambiente corporativo de todos os portes e segmentos, já dita mudanças na forma que gestores tomam suas decisões e os investimentos privados que aportam no Ceará dão ao estado a capacidade de se beneficiar deste novo mindset nos negócios.
“O aumento da competitividade no mercado, maiores oportunidades de negócios, maior confiabilidade de investidores, e, consequentemente, o aumento da lucratividade são resultados buscados pelas empresas que adotam as práticas ESG (Environmental, Social and Governance), diante de uma crescente conquista de consumidores preocupados com um futuro mais sustentável. Essas práticas sinalizam transparência, respeito ao meio ambiente e sustentabilidade,” defende a advogada.
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