O Museu de Arte de São Paulo (Masp) realiza, na próxima terça-feira (9/11), o seminário Histórias Indígenas. O evento será transmitido gratuitamente pelo canal do museu no YouTube. A atividade antecipa a programação temática da instituição para 2023. O seminário terá oito convidados que abordarão, das 11h às 16h30, diversos temas relacionados tanto à cultura indígena, como a questões ligadas à luta dos povos originários por direitos.
Pela manhã, Dirce Jorge, liderança espiritual da Terra Indígena Vanuíre, localizada no município de Arco-Íris (SP), vai apresentar os aspectos da espiritualidade que sustentam os modos de ser e pensar do povo Kaingang. Também vai falar sobre as considerações que devem ser feitas sobre os elementos do sagrado trabalhados por museus.
Na parte da tarde, o curador e escritor Pablo José Ramírez apresentará reflexões sobre a ancestralidade e contemporaneidade. Ramírez é curador adjunto para povos originários e arte indígena do Tate, museu de arte moderna e contemporânea do Reino Unido.
A programação completa pode ser vista na página do Masp.
Os povos indígenas enfrentam diversas lutas em torno da própria sobrevivência desde quando o Brasil se tornou colônia portuguesa, em 1500. Muitos povos foram exterminados e outros escravizados. Diante das invasões, queimadas, grilagem, fome e discriminação, milhares de famílias se refugiaram em áreas remotas, evitando o contato com pessoas não indígenas, deixando pra trás as próprias terras.
Entre 1970 e 1980, uma nova onda de construção de hidrelétricas e estradas e o desenvolvimento de atividades de pecuária e mineração causou a morte de milhares de indígenas, além de deixar sem terra outros tantos. Dezenas de povos indígenas foram aniquilados neste período.
Com a nova constituição redigida em 1988, os indígenas e seus apoiadores fizeram pressão por mais direitos. Desde então, eles têm conseguido muitos avanços, ainda que não tenham acesso aos direitos territoriais que têm garantidos na Constituição e na lei internacional.
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Racismo, preconceito, violação aos direitos das mulheres indígenas, falta de acesso à saúde e serviços públicos, além da alimentação escassa e pobre em nutrientes são problemas comuns enfrentados nas tribos que resistem no Brasil, que se agravaram durante a pandemia do coronavírus e tiraram a vida de milhares de indígenas e colocaram outras tantos em risco.
Indústrias hidrelétricas, de mineração e do agronegócio também são ameaças aos povos indígenas que sobrevivem no Brasil. Um caso recente, de disputa por terras, envolve o Povo Kaingáng, que habita a Terra Indígena Serrinha, no município de Ronda Alta, no norte do Rio Grande do Sul.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), denunciou deversar “práticas criminosas de arrendamentos de terras indígenas, que resultaram em pelo menos quatro assassinatos. Muitas outras acabaram sendo espancadas, aprisionadas e tudo para saciar a saga do lucro e da ganância sobre os bens indígenas”, denunciou o Cimi referindo-se a arrendamentos que vêm sendo feitos nesta e nas terras indígenas de Nonoai, Ventara, Carreteiro e Guarita.
Uma portaria publicada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública no Diário Oficial da União, no dia 19 de outubro, autorizou o emprego da Força Nacional na Terra Indígena Serrinha para dar apoio à Polícia Federal “nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado, por 30 dias”, prazo que poderá ser prorrogado, se necessário.
A advogada do Instituto Kaingáng (INKA), Fernanda Kaingáng, gravou uma mensagem relatando a dificuldade que os povos indígenas do Rio Grande do Sul estão enfrentando. Veja o vídeo abaixo:
Com informações da Agência Brasil e da Organização Indígena Instituto Kaingáng
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