

Os caminhões usados no transporte urbano de cargas representam 1,3% da frota e são responsáveis por cerca de 10% da demanda de energia | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com as consequências graves provocadas pelo aquecimento global, resultado do efeito estufa gerado pela grande quantidade de fumaça no ar, as medidas para salvar o planeta são urgentes e necessárias. O presidente do Instituto Brasileiro de Transporte Sustentável, Márcio de Almeida D’Agosto, disse, nesta terça-feira (21/09), que é possível reduzir, até 2050, as emissões de gás carbônico na atmosfera em até 53%. Pra isso são necessários investimentos na modernização das frotas de ônibus e de caminhões usados para o transporte de passageiros e de carga. “É a chave para a redução das emissões, com algumas medidas já consensuais no meio científico”, disse o especialista.
Márcio D’Agosto é integrante do Programa de Engenharia de Transporte da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e participou, hoje, do seminário Mobilidade Baixo Carbono, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Sobre o transporte de passageiros, ele avalia que é necessário atrair mais pessoas para o sistema com um pacote de medidas para a qualificação do transporte, com a adoção de “ônibus confortáveis, integrados, com dimensões adequadas e ar-condicionado”. Além disso, a eletrificação desse modal seria a “atividade chave para se atingir o objetivo de emissões zero [carbono]”, avalia.
D’Agosto lembra que os ônibus representam apenas 0,6% da frota circulante do modo rodoviário, porém são responsáveis por 50% da atividade de passageiros e 11% da demanda de energia. Já os caminhões utilizados no transporte urbano de carga representam 1,3% da frota circulante e são responsáveis por cerca de 10% da atividade de carga e da demanda de energia.
O especialista inclui, entre as medidas de mitigação que favorecem a redução das emissões de carbono na atmosfera, o aumento do uso de biocombustíveis; a expansão de ferrovias para transporte de cargas, nas proporções já projetadas; e a eletrificação e otimização, também, da logística, com o uso de veículos mais leves.
“Como resultado para isso, vimos que seria possível chegar, em 2050, reduzindo em 53% as emissões, e abatendo [da atmosfera] 268 megatoneladas de gás carbônico”, complementa o especialista. Cada megatonelada (Mt) corresponde a um milhão de toneladas.
Segundo D’Angelo, já em 2030 seria possível reduzir em um terço a quantidade de carbono emitida por atividade de transporte de cargas e de passageiros.
Durante o seminário, realizado em Brasília, foi lançado o caderno Transição para uma Mobilidade Zero Emissões, publicação que, segundo a diretora do Departamento de Planejamento Integrado e Ações Estratégicas do MDR, Sandra Maria Santos Holanda, reúne estudos e informações voltados a cidadãos e comunidades que fazem uso do transporte.
O fato é que o tempo está avançando e sem a adoção de medidas por parte de governos e da classe empresarial, a missão de salvar o planeta das consequências drásticas do aquecimento global pode se tornar impossível entre os anos de 2040 e 2050. A previsão sombria está na Avaliação de Riscos das Mudanças Climáticas, documento desenvolvido para subsidiar as tomadas de decisões dos chefes de Governo e ministros antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), marcada para ocorrer de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.
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Com informações da Agência Brasil