O primeiro-ministro António Costa, defensor de contas públicas equilibradas, terá um novo mandato, em Portugal, após o Partido Socialista (PS), de centro-esquerda, conquistar maioria parlamentar absoluta nas eleições gerais realizadas nesse domingo (30/01).Significa que Portugal terá um governo estável para supervisionar a aplicação dos fundos de recuperação pandêmica da União Europeia (UE).
“Maioria absoluta não significa poder absoluto. Não significa governar sozinho. É uma responsabilidade acrescida e significa governar com e para todos os portugueses”, disse Costa no discurso de vitória.
O resultado foi impulsionado por participação maior do que era esperada, apesar da pandemia de covid-19.
A votação foi convocada em novembro, depois que ex-aliados de esquerda de Costa, o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE), se juntaram à direita para derrotar o Orçamento proposto pelo seu governo minoritário. Os dois partidos mais à esquerda perderam mais da metade dos assentos na Assembleia da República, de acordo com pesquisas de boca de urna.
Antes dos resultados finais, Costa afirmou que o partido havia conquistado 117 ou 118 assentos no Parlamento de 230 cadeiras, contra 108 conquistados nas eleições de 2019.
O Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, ficou em segundo lugar, com menos de 30% dos votos, segundo resultados provisórios, contra cerca de 42% dos socialistas.
O Chega, de extrema-direita, surgiu como a terceira maior força parlamentar, ao dar um grande salto, passando de apenas um assento na legislatura anterior para pelo menos 11.
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António Costa chegou ao poder em 2015, após a crise da dívida de 2011 a 2014. Ele presidiu durante um período de crescimento econômico, que ajudou a diminuir o déficit orçamentário e até mesmo a obter pequeno superávit em 2019, antes que a pandemia começasse.
Portugal continua sendo o país mais pobre da Europa Ocidental e depende dos fundos de recuperação pandêmica da UE.
O economista Filipe Garcia, chefe da Informação de Mercados Financeiros no Porto, disse que os investidores provavelmente apreciarão o novo mandato mais forte dado a Costa, por causa da redução promovida no déficit orçamentário.
“Além disso, os socialistas não precisarão se comprometer [com outras partes], o que garante estabilidade e linha de ação clara. O maior desafio será a promoção do crescimento potencial”, afirmou.
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Um governo estável deve ser bom presságio para o acesso de Portugal a um pacote de 16,6 bilhões de euros de ajuda da União Europeia, para a recuperação da pandemia e seu sucesso na canalização de fundos para projetos destinados a impulsionar o crescimento econômico.
Com mais de um décimo dos 10 milhões de portugueses isolados devido à covid-19, o governo permitiu que infectados deixassem o isolamento e votassem pessoalmente. Funcionários eleitorais usaram trajes de proteção durante a tarde para recebê-los.
O comparecimento às urnas caminhava para superar os 49% de 2019, uma baixa recorde.
Como em muitos países europeus, as infecções por covid-19 aumentaram em Portugal, embora a vacinação tenha mantido as mortes e hospitalizações mais baixas do que em ondas anteriores.
Com informações da Agência Brasil/Reuters
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