A denúncia caiu como uma bomba no Palácio do Planalto, que já enfrenta um crise em virtude dos problemas econômicos com a inflação alta e a abertura de até quatro CPIs para investigar atos suspeitos do governo do presidente Jair Bolsonaro. A revelação de que o Ministério Público Federal investiga denúncias de assédio sexual contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi feita pelo site Metrópoles, nessa terça-feira (28/06), e causou reações nas alas política e econômica da base aliada, que querem a demissão deo gestor.
As investigações seguem em sigilo. Porém, o jornalista Rodrigo Rangel conseguiu acesso a um grupo de cinco funcionárias que decidiu denunciar os atos indecentes de Guimarães, que ocorriam, principalmente, durante viagens de trabalho como parte do programa Caixa Mais Brasil, criado por ele para descentralizar a gestão e dar mais visibilidade ao banco pelo país afora. É o primeiro caso público de assédio sexual envolvendo um alto funcionário do governo Jair Bolsonaro.
“Nos bastidores da Caixa, já há algum tempo correm relatos de que Guimarães coleciona episódios de assédio sexual dentro do banco. Nada, porém, havia avançado para providências capazes de colocar em xeque sua permanência no cargo. Até agora”, escreveu o jornalista que acrescentou: “No fim do ano passado, um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. Há mais de um mês, a coluna vem colhendo os relatos de algumas dessas mulheres. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa. Cinco concordaram em dar entrevistas, desde que suas identidades fossem preservadas. Elas dizem que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho”.
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Os depoimentos revelam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando. Segundo apurou a reportagem, desde janeiro de 2019, foram realizadas mais de 140 visitas a cidades de todas as regiões, que ocorreram, principalmente, nos finais de semana.
O presidente, seus auxiliares mais próximos e os demais funcionários que integram a comitiva ficam hospedados em hotéis e participam de eventos e confraternizações durante os quais, de acordo com os depoimentos das vítimas, ocorreram vários dos episódios de assédio.
A seguir, os links dos vídeos publicados pelo site Metrópoles, com as denúncias das funcionárias:
As alas política e econômica concordam que será difícil manter Pedro Guimarães como presidente da Caixa em meio ao escândalo e que ele precisa sair do cargo. Já pessoas mais próximas a Guimarães quer que ele seja afastado e se explique.
O QG da reeleição, em especial, quer a demissão de Guimarães por um motivo: apesar de a equipe acreditar que o caso não tem poder de contaminar o eleitor que já vota em Bolsonaro, pode dar margem ao presidente para sair em defesa dele com declarações que – aí sim – causariam um desgaste eleitoral.
A equipe que cuida da campanha repete que não há mais espaço para errar no discurso – principalmente entre setores que rejeitam Bolsonaro, como o eleitorado feminino.
Pedro Guimarães é muito identificado com Bolsonaro e apoiador de primeira hora do presidente – ele, inclusive, chegou a ser cotado e trabalhou para ser seu vice.
Apesar de ser presidente da Caixa, Guimarães usou o tempo à frente do banco para fazer uma carreira política. Ele, com frequência, está ao lado de Bolsonaro em eventos públicos e até mesmo discursa em algumas ocasiões.
Ainda sob impacto do caso do ex-ministro Milton Ribeiro, que foi defendido por Bolsonaro – que disse que colocaria a cara no fogo por ele –, aliados temem e não querem dar margem para que o presidente faça o mesmo por Guimarães. Por isso, defendem rapidez na saída do presidente da Caixa.
Apesar do vazamento da investigação de assédio, o presidente da Caixa mantém agenda interna com parlamentares na manhã desta quarta (29/06) – alguns parlamentares haviam confirmado presença no evento antes da revelação do caso pela imprensa. Sindicato de funcionários do banco planejam manifestações pela demissão de Guimarães ao longo do dia.
Com informações dos sites Metrópoles e G1
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