

Uso excessivo de telas pode atrasar o adormecer e prejudicar qualidade do sono | Foto: Estevão Mamédio/G1
08 de outubro de 2025 — Dormir bem é mais do que descansar: é uma questão de saúde cerebral. Um novo estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, aponta que noites mal dormidas podem acelerar o envelhecimento do cérebro, tornando-o até um ano mais velho do que o esperado para a idade real.
A pesquisa, liderada pela neuroepidemiologista Abigail Dove, analisou o comportamento do sono e dados de ressonância magnética de mais de 27 mil adultos britânicos entre 40 e 70 anos. O resultado mostra que pessoas com sono de má qualidade apresentavam sinais cerebrais de envelhecimento precoce, com alterações na estrutura e no funcionamento do cérebro.
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Com o uso de inteligência artificial e neuroimagem, os cientistas treinaram um modelo de aprendizado de máquina com exames de pessoas saudáveis, para estimar a idade cerebral biológica. Quando aplicada ao restante da amostra, a técnica revelou diferenças claras entre quem dormia bem e quem apresentava distúrbios do sono.
Segundo os pesquisadores, cérebros com “idade biológica” superior à idade cronológica podem indicar maior risco de demência, declínio cognitivo e até morte precoce.
O estudo avaliou cinco aspectos principais do sono:
Com base nisso, os participantes foram divididos em três perfis: saudável, intermediário e ruim. Cada ponto a menos no “escore de sono saudável” representava cerca de seis meses extras na idade cerebral.
Quem tinha perfil de sono ruim apresentava cérebros quase um ano mais velhos, enquanto os que dormiam bem mantinham uma idade cerebral próxima da cronológica.
Entre os fatores mais associados ao envelhecimento cerebral estavam o cronotipo tardio e a duração anormal do sono. Além disso, os cientistas identificaram o papel da inflamação como elo entre sono ruim e envelhecimento acelerado.
De acordo com as análises, níveis inflamatórios elevados explicaram cerca de 10% da relação entre má qualidade do sono e envelhecimento do cérebro. Isso porque a inflamação danifica vasos sanguíneos, favorece o acúmulo de proteínas tóxicas e acelera a morte de células cerebrais.
Outro mecanismo envolvido é o sistema glinfático, responsável por eliminar resíduos do cérebro durante o sono. Quando o descanso é insuficiente, essa “faxina cerebral” é prejudicada, permitindo o acúmulo de substâncias nocivas.
Apesar dos riscos, os cientistas destacam que os hábitos de sono são modificáveis. Pequenas mudanças na rotina podem fazer diferença significativa para a saúde do cérebro, como:
Segundo Abigail Dove, o envelhecimento cerebral é inevitável, mas o modo como ele ocorre depende das nossas escolhas diárias:
“A mensagem é clara: para manter o cérebro saudável por mais tempo, é essencial priorizar o sono.”
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